segunda-feira, 17 de novembro de 2014

cuidados paliativos d’alma

 

Pedro José Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

 

Provérbios 31, 10-13. 19-20. 30-31: «Põe mãos ao trabalho alegremente»

I Tessalonicenses 5, 1-6: «Para que o dia do Senhor não vos surpreenda como um ladrão»

Mateus 25, 14-30: «Foste fiel em coisas pequenas: vem tomar parte na alegria do teu Senhor»

1.Reflexão

Nas leituras neste Domingo – o dia do não-esforço; do não-trabalho; não quer dizer: do não-pensar: porventura, o que ainda não-foi-dito-para-dentro – também ele cheio de Vida e Ambiguidade: somos encontrados pelos cuidados paliativos d’alma.

Da condição feminina como «arrimo» em qualquer circunstância. Convém não exagerar nessa condição de; nem desvirtuar a realidade sob o signo da violência dita «doméstica», que na saída para a «Rua», se torna mortal. A primeira leitura tem muito a dizer na contra mão do masculino, enquanto impositivo e redutor.

A «nossa» fuga diária diante da História, sob a suspeita comparativa do “ladrão nocturno” ou das “dores da mulher que está para ser mãe”: cabe perguntar, honestamente, o que é que acaba com as nossas horas felizes? Diante, por exemplo, do consumismo (aberto o questionamento…): o que é atitude de não “dormir” e por isso permanecer criterioso (“vigilante”) e despoluído (“sóbrio”)?

No evangelho, a «parábola dos talentos», na tradição de Mateus – o talento era uma unidade de peso antiga que equivalia, aproximadamente, a 21,7 quilos de prata– ficamos desconcertados!? Ficamos ou adiamos a perplexidade diante da medida super-abundante-divina? Nossa Alma, o Sentido do viver e do ser feliz, diante dos Outros em serviço e sedução amorosa: está em perigo pela ausência de risco? O que significa enterrar? O talento é Dom; e o Dom é excessivo para a nossa compreensão de criaturas diante do Criador. Talento que está para além da “aptidão” ou da “habilidade”. O risco não estará em sermos, infinitamente, talentosos porque não temos o mínimo de talentos físicos, materiais, intelectuais, morais, etc.?

Não há lugar a autopromoção, prestígio e fama, fotos e holofotes. São Dons que recebemos para a todos sermos capazes, na singularidade irrepetível: Amar e Servir! Quanto mais Amor, melhor Serviço.

Cuidados paliativos d’alma não são os últimos desejos e vontades. Não é solução remediar ou esconder os problemas espirituais – bem existenciais na sua crueza: saber comer, beber, amar, ouvir, etc. – em vez de os procurar resolver, conjuntamente, isto é, pondo os «talentos» a serviço alheio. «Propriedade: quanto mais comum mais santa» (Santa Gertrudes).

Agradecemos, desde já e aqui, todos os cuidados normais e diários d’alma terrena.

2.Oração

Mas há a vida

Mas há a vida

que é para ser

intensamente vivida,

há o amor.

Que tem que ser vivido

até a última gota.

Sem nenhum medo.

Não mata.

Clarice Lispector

FONTE: Cfr. http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-evangelho/500122-domingo-16-de-novembro-evangelho-segundo-mateus-25-14-30 , acesso: 14-11-2014.

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