domingo, 20 de abril de 2014

Que grande alegria é para mim poder dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões...

 

Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus ressuscitou, uma esperança despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia!

Também nós, como as mulheres discípulas de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4). Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração.

Este mesmo amor pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança.

Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória é o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7).

Amados irmãos e irmãs, Cristo morreu e ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa existência, na nossa vida de cada dia. Quantos desertos tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Sobretudo o deserto que existe dentro dele, quando falta o amor a Deus e ao próximo, quando falta a consciência de ser guardião de tudo o que o Criador nos deu e continua a dar. Mas a misericórdia de Deus pode fazer florir mesmo a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14).

Eis, portanto, o convite que dirijo a todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz.

E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro.

Paz para o Médio Oriente, especialmente entre israelitas e palestinos, que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?

Paz para a África, cenário ainda de sangrentos conflitos: no Mali, para que reencontre unidade e estabilidade; e na Nigéria, onde infelizmente não cessam os atentados, que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos terroristas. Paz no leste da República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, onde muitos se veem forçados a deixar as suas casas e vivem ainda no medo.

Paz para a Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação.

Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação.

Amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor» (vv. 1-2).  

Papa Francisco

sábado, 19 de abril de 2014

Sobre a Substância da Páscoa

 

Pedro José Lopes Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

 


No termo da Quaresma está a Semana Santa, e esta culmina com a maior festa do ano litúrgico, a Vigília Pascal – que forma um todo com o Tríduo Pascal (quinta, sexta e sábado da vigília pascal), da qual não pode ser separada – que se prolonga durante os 50 dias do Tempo Pascal. Depois dos 40 dias da Quaresma, temos os 50 dias da Páscoa.

Nossa celebração da Páscoa tem origem na páscoa dos Judeus, que Cristo também na sua vida terrestre celebrou, dando-lhe novo sentido. A Páscoa dos Judeus era uma comemoração da libertação do povo de Israel da escravidão a que estava submetido no Egipto. Conforme o Livro do Êxodo, capítulo 12, durante a noite em que os primogênitos dos egípcios eram vitimados, os israelitas estavam reunidos (e eram poupados) para comer o cordeiro que havia sido sacrificado na véspera, pela tarde, e cujo sangue havia sido posto sobre as duas ombreiras e as vergas das portas das suas casas. Sob a liderança de Moisés os hebreus libertaram-se dos egípcios e atravessando o Mar Vermelho, iniciaram a caminhada de 40 anos para a Terra Prometida. 

Resumidamente, todos os anos os Judeus celebravam esta festa de libertação, e Cristo a celebrou com eles.

A nossa Páscoa é uma comemoração actual da libertação por Cristo de toda a humanidade da escravidão do pecado e da morte. Não há imolação do cordeiro pascal, mas é o próprio Cristo, filho de Deus feito homem, que dá a sua vida por nós na Cruz e que ressuscita glorioso ao terceiro dia. É uma libertação espiritual, mas que deve caminhar para uma libertação plena, também corporal, e sobretudo na nossa possibilidade histórica, construir uma transformação justa do mundo em que vivemos. Aspiramos e queremos a realização do Reino definitivo de Cristo Ressuscitado!

A morte e ressurreição de Cristo são os elementos centrais da celebração da Páscoa. Às vezes a nossa devoção popular fica concentrada nos sofrimentos da Paixão de Cristo, parecendo esquecer a ressurreição. Paulo afirma de modo contundente na 1ª carta aos Coríntios: “Se Cristo não ressuscitou, vossa fé é ilusória” (1Cor 15,17). Todo o testemunho da Igreja está fundado num acontecimento histórico ocorrido na madrugada do Domingo de Páscoa em Jerusalém, a descoberta do túmulo vazio em que Jesus havia sido sepultado, e, depois, nas múltiplas aparições (mais que refutada a tese da “alucinação” pessoal e/ou colectiva; desnecessário aí voltar, só por ma fé ou desonestidade intelectual…) de Jesus ressuscitado, primeiramente, às Mulheres, aos Apóstolos, a discípulos (…todos os caminham passam por Emaús, Lc 24, 13-35) e, certa vez, até a mais de 500 discípulos juntos (1Cor 15,6).

Numa dada ocasião Jean Guitton, foi questionado sobre «Como desejaria morrer?». Respondeu: “Em plena consciência e no dia de Páscoa, porque é o dia da Ressurreição. Eu quero viver e morrer desperto, não quero ser surpreendido. Tenho a certeza de ser interrompido e receio somente uma interrupção que não seja esperada. Quando eu passar da vida para a Vida, vejo-me transportado e radiante. Desfrutarei por fim tudo o que procurei durante toda a minha longa vida, e que continua a ser um mistério. Antes de tudo, gostaria de morrer simultaneamente em plena actividade e em pleno repouso, quer dizer, em abandono. Que fosse uma separação irisada, sem dor” (cfr. O Livro da Sabedoria e das Virtudes Reencontradas, Editorial Notícias, p.157).

Não teria sentido celebrar a Páscoa se Cristo não tivesse ressuscitado por mim, por cada um de nós! ATREVEMO-NOS a fazer da «Visita Pascal», tão bem enraizada na cultura doméstica e social, um desafio permanente para não deixarmos a Vigília da Páscoa e o Domingo da Ressurreição, como um apêndice em que o povo “participou” já cansado das cerimónias dos dias anteriores. Páscoa é a maior solenidade de Cristo, mas é também a nossa maior festa pessoal e comunitária. VIVE: isto é, precisamos do atrevimento para acreditarmos na nossa Ressurreição futura, com Esperança incondicional!

VIU E ACREDITOU

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

A manhã de Páscoa desperta serena com Madalena agitada a correr para o túmulo de Jesus. Era ainda escuro. Mas já raiava o clarão da aurora que se avizinha. Corre para sintonizar com o ritmo do seu coração, com o desejo de prestar os últimos cuidados ao cadáver de Jesus, com a vontade de certificar mais uma vez o sucedido, com o “pressentimento” de que algo de novo pode acontecer, pois o amor é mais forte do que a morte. A saudade revela-se um bom caminho para o encontro da verdade.

Chegada ao local, depara-se com o sepulcro vazio e tudo arrumado “a preceito”. Pelo seu espírito perpassa a certeza afirmada: Levaram o Senhor e não sabemos onde O puseram, certeza que transmite a Simão Pedro e ao discípulo amado. Estes partem imediatamente para confirmar a notícia, seguindo cada um a cadência do seu passo. Chegam, aproximam-se, observam, entram no sepulcro e vêem que a realidade condizia com o que lhes havia dito Maria Madalena.

Este núcleo central da narrativa da ressurreição é enriquecido pelos Evangelhos com muitos outros aspectos, surgindo sempre o testemunho de quem O vê e a novidade que provoca na sua vida. Madalena é protagonista de um grupo de mulheres que se adiantam na descoberta dos sinais do Ressuscitado. São elas que levam aos apóstolos o anúncio da feliz notícia. São elas que fazem da inquietação do coração caminho de fé pascal. São elas que experimentam a desolação do vazio como espaço a preencher, oportunidade de plenitude a alcançar. Que bela mensagem e que interpelação! O rosto feminino da Páscoa – de todas as passagens marcantes da vida – fica impresso definitivamente na humanidade e na vivência cristã.

João – o discípulo amado – viu e acreditou. Que preciosa e provocante afirmação! Então até agora não tinham ainda acreditado, não haviam alcançado a fé, não estavam em comunhão com Jesus ressuscitado? O autor da narração adianta a explicação assertiva: “Não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos”. Esta explicação tem valor definitivo. Sem fé explícita em Jesus ressuscitado, apenas vemos sinais, ritos, cerimónias, gestos religiosos, liturgias; e é preciso passar do visível ao Invisível, da aparência à realidade, do episódio ao constante, da árvore vistosa à seiva vitalizante que, constantemente, a revigora, da fome do coração vazio à busca do pão saboroso que sacia.

Que “limpeza” purificadora será necessário fazer nas cerimónias oficiais da Igreja, nas celebrações comuns da comunidade cristã, nas formas de piedade popular e familiar para que sejam cada vez mais espelho do Senhor ressuscitado, da sua alegria pascal, da sua palavra que dá sentido definitivo à vida! E que deslumbrante missão nos está confiada – a de sermos suas testemunhas qualificadas porque vimos e acreditamos.

sábado, 12 de abril de 2014

«Manifesta-te», isto é, proclama que não te salvas a ti mesmo.

 

Pedro José Lopes Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

"Para o presente, ámen...para o futuro, aleluia!"

As últimas palavras ditas por Pedro Arrupe, S.J.

[1.] «Hossana!» [exclamação], originalmente, era uma expressão de súplica, como «Oh, ajudai-nos!». Provavelmente, no tempo de Jesus, a palavra já tinha assumido um significado messiânico. Hossana! Seria a expressão dos variados sentimentos quer dos peregrinos que foram com Jesus, quer dos discípulos: um jubiloso louvor a Deus no momento daquela entrada; a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias e, ao mesmo tempo, uma súplica para que se realizasse de novo o reino de David e, com ele, o reino de Deus sobre Israel (cfr. Bento XVI, Jesus de Nazaré, Parte II, p.17).

[2.] «É como dizes.» [ponto final], originalmente, para que dizê-lo ou como dizê-lo. Jesus identifica que outros (no caso “o “outro, Pilatos…) o possam reconhecer no «dizer» sobre se é ou não o Rei dos Judeus. O sentido da identificação e da pertença levados ao extremo. Depois diante dos príncipes dos sacerdotes e anciãos (“os” outros, na pior realidade de «casta»…), não responde coisa alguma. Causa o paradoxo da admiração. Nossa contemporaneidade revelada no «eu invertido» da não-identificação pública pela exposição da privacidade. Cúmulo por nos expormos tanto, o «tanto» deixa de dizer em especificidade. Só Jesus atravessa a corda do abismo com integridade.

[3.] «…porque Me abandonastes?» [perguntar], originalmente, qual o sentido de encontrarmos Deus na nossa Vida? Que problemas e obstáculos insuperáveis? Porque teimas em não deixar de estar presente mesmo no meu abandono. A boa-Fé e má-fé.

Meditativo e profundo o excerto de Joaquim Taveira da Fonseca, na literária/teológica obra “Gethsemani…e Jesus suou sangue!”: “[resposta a Pedro, o negrito/destaque é nosso] A ausência de Deus é uma expressão humana para significar a nossa incapacidade de O sentir. Dobrada sobre a dor, o sofrimento e a angústia, a fragilidade humana fecha-se em si mesma. Inconscientemente! Não permite, portanto que a luz de Deus penetre a alma e a vida, cortando a ligação com o Amor.

        [Pedro] - Mas, a ti, Senhor, que conheces o Pai, como dizes, que recebes, por vezes, a Sua visita como aconteceu no Tabor, já te ouvi exclamar: “Meu Deus, porque Me abandonaste?”

      [Jesus] - O que sofre em Mim, o que grita em Mim é esta humanidade que assumi totalmente por amor. Se incarnei, se vim ao mundo foi para amar o homem todo até ao mais profundo do seu ser. Assumo a sua fragilidade, o seu pecado, a sua natural incapacidade… O que grita em Mim é a dor da Humanidade, nesta Minha humanidade assumida. Também sou um homem na inteireza de criatura humana; também sou um real sofredor na sua fragilidade, no seu pecado e na sua incapacidade. Por isso, aqui estou, homem de dores, homem solitário a gritar por uma Presença, homem que quer compreender o mistério do sofrimento e o sentido desta morte que aceito e à qual Me entreguei por amor à vontade de Deus” (p.197).

[4.] Manifestemos que não somos a causa/consequência da nossa salvação (libertação/bem-aventurança) é o Amor que nos salva. Essa Presença no mundo de ausências/abandonos: Deus está e continuará. Nossa fragilidade é assumida (redimida) e o Silêncio de Deus a melodia da Esperança (sempre).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Colóquio

colóquio_Dr Alberto Souto_CDJP-CUFC

«Renova-te», isto é, não somos papel rasurado, apenas papel branqueado por Deus.

 

Pedro José Lopes Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

“Por veredas tortuosas ou estreitos carreiros,

Cada um poderá tentar responder

A quem nos chama aos lugares cimeiros

Da ressurreição consciente e livre do dever”


Manuel Armando in Domingos de Luz e Poesia, p.69.

[1.] EXPLICAÇÃO de Lázaro.

O que realmente nos interessa é “o” Lázaro que morre dentro de nós.

Ele é aquele que Jesus amava!

Temos medo de morrer depois da morte?

Temos medo de morrer antes da vida?

Aquilo que tínhamos de melhor e que Jesus amava tanto morreu, e Ele Jesus chorou por isso. Temos os olhos cansados de ver. Olhos cansados na dor de não ver o Amor depositado por Deus na nossa vida. Lázaro vem de Lázaro”. Só Deus vem de Deus.

“Lázaros mortos lentamente”, de um viver sem horizonte. O chão não é o nosso limite é o ponto de arranque, a fixação que permite o Infinito. Chão que não é pois o Túmulo, mas Terra a semear.

Seria muito triste se o evangelho terminasse aqui onde Jesus chorou e a pedra do túmulo não fosse arrancada. Diante desse “Lázaro que morreu dentro de nós, chega Jesus e ordena: “Lázaro, sai para fora!”


[1.1.] MEDITAÇÃO por Lázaro.


Perdão é o modo como Deus (nos) ama.

Nós não sabemos perdoar. Precisamos aprender.

Por isso, no “Pai Nosso” pedimos a Deus para perdoar como somos perdoados.

No Perdão somos renovados.

Faz esta experiência com Lázaro, nas lágrimas de Marta e Maria.

Maria que saiu de sua Dor e foi ao encontro do Mestre.

Marta que reluta na hora de retirar a pedra do túmulo.

Estamos todos lá em “Betânia”…, a Verdadeira Vida está no-que-Deus-acorda-em-nós:

na nossa infância, na nossa juventude, no amadurecer;

nos compromissos, na entrega, no trabalho árduo; na confissão dos pecados;

na dança da alma; nos últimos amores, como nos primeiros.

- Quem sabe o Amor pode mesmo ressuscitar em nós?


[1.1.1.] ACÇÃO em Lázaro.

E porque não…

Pedir perdão a quem ofendi?

Não precisamos de ressuscitar os nossos mortos dos cemitérios, porque Deus já os acolheu na Glória, são transparentes para Ele. É a transparência do Ser. Estão nos braços de Deus.

Os lázaros “mais perigosos” que morrem estão aqui/continuam dentro de nós (…Igreja, …Medo, …Injustiça, …Consumo …Ruído …Informação…), sabemos, ou não, da sua morada e dos seus passos, das suas ilusões e distracções. São “esses lázaros” que Jesus chama para Vida. Plena. Jesus quer acordar e ressuscitar a Beleza e a Justiça que Deus depositou em cada um de nós.

Pouco mas Ressurreição que Vale!

Razões para ir fundo na razão de esperar. Renova-Te!

O Amor a Lázaro, Marta e Maria. Quem perdoa, acredita Nele, e sabe que não morrerá!

FONTES: Cfr. JB Libânio, “Um Outro Olhar”, Volume IX, pp. 64-65; Cfr. AZEVEDO, Dom Walmor Oliveira, in Na Escola do Salvador, pp.351-354.cfr. http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-evangelho/500087-quinto-domingo-de-quaresma-evangelho-de-joao-11-1-45, acesso 5-04-2014.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Administrador Diocesano

 

MonsJoãoGG

Aos 07 dias de mês de Abril de 2014, em obediência ao preceituado no Código de Direito Canónico ( cc. 419 e ss.), reuniu o Colégio de Consultores da Diocese de Aveiro. Como único ponto da Agenda constava a eleição do Administrador Diocesano uma vez que, na tarde do passado dia 5, iniciara o múnus pastoral de Bispo da Diocese do Porto, sua Ex.cia Rev.ma o Senhor D. António Francisco dos Santos.

Assim, e dando cumprimento à Agenda proposta, após votação secreta, foi eleito para Administrador Diocesano o Rev.do padre Mons. João Gonçalves Gaspar que aceitou a eleição e exercerá esta função até à vinda do novo Bispo Diocesano.
Depois de tecer algumas palavras de circunstância, manifestou a sua surpresa, mas também a disponibilidade para o cargo que agora lhe tinha sido pedido. Da parte dos Consultores, todo o Colégio foi unânime na certeza da sua colaboração sempre que lhe fosse solicitada.

Tendo feito a profissão de fé, canonicamente ordenada, o Administrador Diocesano deu início ao cargo para que foi eleito.

O secretário do colégio de Consultores
P. Manuel Joaquim Rocha

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Monsenhor João Gonçalves Gaspar tem 84 anos e foi ordenado em 1954 sendo até agora o vigário geral e ecónomo da Diocese de Aveiro, além de delegado episcopal para os presbíteros, membro da Comissão dos Bens Culturais da Igreja, membro da Comissão de Formação Permanente do Clero, membro da Comissão de Aplicação e Cumprimento do Fundo Diocesano de Compensação do Clero.

Em março, lançou um novo livro, intitulado ‘Diocese de Aveiro - Subsídios para a sua história’, o qual tem como principal objetivo “ajudar a definir novos rumos para a pastoral católica, mais adequados às circunstâncias contemporâneas”.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

JESUS FAZ REVIVER LÁZARO MORTO

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

“Lázaro, sai para fora” – grita Jesus com voz forte e determinada. E ele levanta-se e sai, amortalhado como havia sido colocado na sepultura. Jesus continua, dirigindo-se aos circunstantes: “Desligai-o e deixai-o ir”. E João, o narrador do sucedido, conclui: “Ao verem o que Jesus fez, acreditaram n’Ele”.

A revivificação de Lázaro constitui um sinal, na sequência de outros, que visam manifestar quem é Jesus e provocar a adesão à sua pessoa e mensagem: a água transformada em vinho nas bodas de Caná; o pão abençoado e repartido pela multidão; a cura do paralítico junto à piscina e a do cego de nascença; a doação da própria vida como belo e bom pastor; a vitória sobre a morte, simbolizada em Lázaro, e realizada aquando da ressurreição. Estes e outros sinais credenciam um conjunto de ensinamentos sobre a acção inovadora do Messias e induzem as testemunhas a tomar posição, aceitando ou rejeitando o que presenciam e ouvem.

Qual a nossa atitude perante tantos sinais de novidade que a vida nos traz? Deixamo-nos interpelar e somos consequentes?

Lázaro adoece e as irmãs, Marta e Maria, mandam recado a Jesus que, na sua missão, andava por longe de Betânia, terra desta família. Eram amigos. Os discípulos desaconselham o regresso. Passa o tempo. E a morte vem sem eles terem chegado, facto que leva Jesus a dizer-lhes que se alegrava porque eles iriam ter uma nova oportunidade de acreditar. Da morte comprovada surgiria a vida restituída. O luto e a dor reforçariam os laços afectivos do amor.

E o que acontece é deslumbrante: Jesus emociona-se e chora várias vezes; escuta os desabafos das irmãs de Lázaro, dialoga com elas e consola-as na sua perda, dando-lhes garantias de que algo de novo iria fazer pelo amigo; ouve os comentários críticos de judeus que são ignorados; indaga onde haviam posto o cadáver e vai ao local, aceitando o convite/resposta de Maria; perturba-se e fica comovido; aproxima-se da gruta e manda remover a pedra; vence a hesitação de Marta que temia o mau odor; ergue os olhos ao céu e reza a Deus, seu Pai, dando-Lhe graças por tudo, mas sobretudo pela acção que estava prestes a realizar. E grita com voz bem forte: “Lázaro, sai para fora”. E ele obedece, ergue-se e sai. Ajudado, solta-se das amarras da morte e do sudário do encobrimento e do medo. Liberto, retoma os caminhos da vida, refaz os laços da amizade que a morte havia interrompido, ousa olhar o futuro com serena confiança.

E os circunstantes? Muitos abriram-se à fé, mas outros “quais espiões infiltrados” levam a notícia às autoridades que ficam alarmadas e começam a urdir a eliminação física de Jesus - o que origina um reajuste do seu programa missionário. Que decisão tão reacionária, a dos fariseus: fechar os olhos à vida, à verdade, à liberdade e à solidariedade; disfarçar o embaraço com argumentos de segurança nacional e endurecer o sistema opressor que gera o medo e provoca a morte.

Caifás é o autor da proposta que, ironicamente, se vem a tornar o coração da fé cristã, a chave de leitura do sentido da vida humana e da história: Um homem morre pelo povo. Este homem é Jesus, aquele que fez reviver Lázaro e promete a ressurreição a todos os que decididamente seguem os seus passos, assumem os seus ensinamentos. Sejamos um deles! Renova-te!