quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Começa a circular a transcrição de uma entrevista feita com o atual Papa quando ele era o então Cardeal Bergoglio, na Argentina. O centro da entrevista é a pobreza do mundo. Porém, há indícios desta entrevista, que nunca foi publicada, ter ser sido uma emboscada realizada pelo jornalista Chris Mathews da MSNBC, mas Bergolio encurralou Mathews de tal forma que a entrevista nunca foi ao ar porque, ao perceber que seu plano havia falhado, Mathews arquivou o vídeo. Porém, um estudante de Notre Dame, que prestava serviços sociais na MSNBC, apoderou-se dele e o deu para seu professor.


CARDEAL BERGOGLIO
a pobreza e a falência dos sistemas vigentes
O jornalista trata de embaraçar o cardeal, levando-o a opinar sobre a pobreza no mundo.
O Cardeal responde:
“Primeiro na Europa e agora na América, alguns políticos tem se dedicado a endividar as pessoas criando um ambiente de dependência.
Para quê? Para aumentar o seu poder. São grandes especialistas em criar pobreza e ninguém os questiona. Eu luto para combater essa pobreza.
A pobreza se converteu em uma condição natural e isso é ruim. Minha tarefa é evitar o agravamento de tal condição. As ideologias que fabricam pobreza devem ser denunciadas. A educação é a grande solução para o problema. “Devemos ensinar; mostrar às pessoas como salvar a sua alma, mas indicando como evitar a pobreza e não permitir que o governo conduza o povo a esse penoso estado.”
Mathews ofendido pergunta: O senhor culpa o governo?
“Culpo os políticos que buscam seus próprios interesses. O sistema socialista. O solialismo e suas políticas são a causa de 70 anos de miséria nna Rússia, e essa situação já existe em muitos países que estão no limite do colapso. Acreditam na redistribuição que é uma das razões da pobreza. Querem nacionalizar o universo para controlar todas as atividades humanas. Querem destruir o incentivo do homem, para, inclusive, cuidar de sua família, um crime contra a natureza e contra Deus. Esta ideologia cria mais pobre que todas as corporações que adjetivadas como diabólicas.”
Replica Mathews: Nunca tinha escutado algo assim de um Cardeal.
“As pessoas dominadas pelos socialistas necessitam saber que não temos que ser pobres.”
Ataca Mathews... E América Latina? Quer apagar o progresso conquistado?
“O império de dependência criado por Hugo Cháves, com falsas promessas, mentindo para que se ajoelhem ante seu governo. Dando-lhes peixes sem permitir-lhes pescar. Se na América Latina alguém aprende a pescar, é castigado e seus peixes são confiscados pelos socialistas. A liberdade é castigada.
Você fala de progresso e eu de pobreza. Temo pela América Latina. Toda a região está controlada por um bloco de regimes socialistas como Cuba, Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela, Nicarágua. Quem os salvará dessa tirania?”
Acusa Mathews: Você é capitalista.
“Se pensar que o capital é necessário para construir fábricas, escolas, hospitais, igrejas talvez eu seja. Você se opõe a este processo?”
Por obvio que não, mas não pensa que o capital é retirado das pessoas pelas corporações abusivas?
“Não, eu penso que as pessoas, através de suas opções econômicas, decidem que parte de seu capital irá para esses projetos. A utilização do capital deve ser voluntária. Somente quando os políticos confiscam esse capital para construir obras de governo, alimentar a burocracia, surge um grave problema. O capital investido de forma voluntária é legítimo, mas o que se investe a base de coerção é ilegítimo.”
Suas idéias são radicais, afirma o jornalista.
“Não, faz anos Khrushchev fez uma advertência: “Não devemos esperar que os americanos abracem o comunismo, mas podemos auxiliar seus líderes eleitos com injeções de socialismo, até que, ao despertar, percebam que embarcaram no comunismo.” Isto está ocorrendo nesse momento no antigo bastião da liberdade. Como os EUA podem salvar a América Latina se eles se converteram em escravos de seu governo?”
Mathews afirma: Eu não posso digerir tudo isso.
O Cardeal responde:
Você se vê muito irritado, a verdade pode ser dolorosa. Vocês criaram o estado do bem estar, que é somente resposta às necessidades dos pobres criados pela política. O estado interventor absolve a sociedade de sua responsabilidade. As famílias escapam de seu dever, com o falso estado assistencialista, inclusive as igrejas. As pessoas já não praticam a caridade, e vê os pobres como problema do governo.
Para a igreja já não há pobres que ajudar, o governo os empobreceu permanentemente e são agora propriedade dos políticos. E algo que me irrita profundamente, é a incapacidade dos meios de comunicação de observar o problema sem analisar qual é a causa. “Empobrecem as pessoas para que depois votem em quem os afundaram na pobreza.”   
 
Fontes:
























AMIGO, VEM MAIS PARA CIMA

 
Pe Georgino Rocha  |  Justiça e Paz -  Aveiro
Este apelo convite surge na parábola do banquete narrada por Jesus na conversa à mesa com um fariseu que o havia convidado a tomar uma refeição em sua casa. Constitui uma espécie de resposta às atitudes dos comensais que buscam os primeiros lugares, sinal ritual da importância social e religiosa de cada um. Serve de contraponto e realça valores fundamentais a quem pretende ser discípulo e fazer parte da comunidade dos que o seguem.
Estar à mesa e comer juntos tem um grande significado familiar, social e religioso: encontro amigo e fraterno, conversa e partilha de notícias e saberes, reforço de laços de proximidade, afirmação de estima mútua e de próxima ou igual categoria. Assim o entendiam todos os participantes. Por isso se observam mutuamente. Jesus não foge à regra.
A elaboração da lista dos assentos é delicada. Ainda hoje. E os organizadores manifestam a relação que cultivam com os convidados e a importância social que lhes reconhecem. Um engano pode ser fatal. O acerto na escala de distribuição faz transparecer a harmonia do conjunto em festa, a alegria e boa disposição de cada um, o reconhecimento da escala social que lhe é atribuída.
A procura dos primeiros lugares denota elevada autoconsideração e outros sentimentos superiores que nem sempre são aceites nem confirmados pelos outros participantes. Realça critérios pautados por interesses elitistas e clubistas. Constitui uma amostra de uma sociedade desigual, sem espaço nem abertura para os de fora, os filhos de ninguém.
Na comunidade de Jesus as atitudes devem ser diferentes, convergindo todas na humildade e na verdade, na gratuidade e no amor desinteressado, na atenção preferencial e delicada ao esquecido e abandonado. Assim se manifesta a situação nova em emergência, o reino de Deus. Assim se abrem as janelas do futuro definitivo de toda a humanidade.
“Amigo, vem mais para cima”. Jesus faz uma proposta subversiva: atender a quem não pode corresponder, amar a quem não pode retribuir. Os cristãos, seus discípulos, assumem alegremente esta proposta e ficam encarregados de a viver e transmitir numa sociedade tão assustadoramente discriminatória.