sábado, 12 de abril de 2014

«Manifesta-te», isto é, proclama que não te salvas a ti mesmo.

 

Pedro José Lopes Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

"Para o presente, ámen...para o futuro, aleluia!"

As últimas palavras ditas por Pedro Arrupe, S.J.

[1.] «Hossana!» [exclamação], originalmente, era uma expressão de súplica, como «Oh, ajudai-nos!». Provavelmente, no tempo de Jesus, a palavra já tinha assumido um significado messiânico. Hossana! Seria a expressão dos variados sentimentos quer dos peregrinos que foram com Jesus, quer dos discípulos: um jubiloso louvor a Deus no momento daquela entrada; a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias e, ao mesmo tempo, uma súplica para que se realizasse de novo o reino de David e, com ele, o reino de Deus sobre Israel (cfr. Bento XVI, Jesus de Nazaré, Parte II, p.17).

[2.] «É como dizes.» [ponto final], originalmente, para que dizê-lo ou como dizê-lo. Jesus identifica que outros (no caso “o “outro, Pilatos…) o possam reconhecer no «dizer» sobre se é ou não o Rei dos Judeus. O sentido da identificação e da pertença levados ao extremo. Depois diante dos príncipes dos sacerdotes e anciãos (“os” outros, na pior realidade de «casta»…), não responde coisa alguma. Causa o paradoxo da admiração. Nossa contemporaneidade revelada no «eu invertido» da não-identificação pública pela exposição da privacidade. Cúmulo por nos expormos tanto, o «tanto» deixa de dizer em especificidade. Só Jesus atravessa a corda do abismo com integridade.

[3.] «…porque Me abandonastes?» [perguntar], originalmente, qual o sentido de encontrarmos Deus na nossa Vida? Que problemas e obstáculos insuperáveis? Porque teimas em não deixar de estar presente mesmo no meu abandono. A boa-Fé e má-fé.

Meditativo e profundo o excerto de Joaquim Taveira da Fonseca, na literária/teológica obra “Gethsemani…e Jesus suou sangue!”: “[resposta a Pedro, o negrito/destaque é nosso] A ausência de Deus é uma expressão humana para significar a nossa incapacidade de O sentir. Dobrada sobre a dor, o sofrimento e a angústia, a fragilidade humana fecha-se em si mesma. Inconscientemente! Não permite, portanto que a luz de Deus penetre a alma e a vida, cortando a ligação com o Amor.

        [Pedro] - Mas, a ti, Senhor, que conheces o Pai, como dizes, que recebes, por vezes, a Sua visita como aconteceu no Tabor, já te ouvi exclamar: “Meu Deus, porque Me abandonaste?”

      [Jesus] - O que sofre em Mim, o que grita em Mim é esta humanidade que assumi totalmente por amor. Se incarnei, se vim ao mundo foi para amar o homem todo até ao mais profundo do seu ser. Assumo a sua fragilidade, o seu pecado, a sua natural incapacidade… O que grita em Mim é a dor da Humanidade, nesta Minha humanidade assumida. Também sou um homem na inteireza de criatura humana; também sou um real sofredor na sua fragilidade, no seu pecado e na sua incapacidade. Por isso, aqui estou, homem de dores, homem solitário a gritar por uma Presença, homem que quer compreender o mistério do sofrimento e o sentido desta morte que aceito e à qual Me entreguei por amor à vontade de Deus” (p.197).

[4.] Manifestemos que não somos a causa/consequência da nossa salvação (libertação/bem-aventurança) é o Amor que nos salva. Essa Presença no mundo de ausências/abandonos: Deus está e continuará. Nossa fragilidade é assumida (redimida) e o Silêncio de Deus a melodia da Esperança (sempre).

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