quarta-feira, 29 de julho de 2015

TODOS PROCURAM JESUS, O PÃO DA VIDA

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

Pe GeroginoA “onda” de entusiasmo vibrante impele a multidão a ir à procura de Jesus que lhe havia saciado a fome com a multiplicação dos pães. Jo 6,24-35. Impele-a a tomar as barcas, guardadas na margem do lago e a rumar a Cafarnaum, aldeia a curta distância. Impele-a a abrir o diálogo “curioso” de saber há quanto tempo Jesus estava ali, pois havia-os deixado no momento mais eufórico da merenda/refeição: os beneficiados pretendiam aclamá-lo rei. Impele-a a manter-se firme e atenta, fazendo perguntas que Jesus, sabiamente, aproveita para abrir horizontes às suas mentes preocupadas, ao falar-lhes do pão da vida, do pão descido do céu, do pão que Deus dá para a vida do mundo, do pão que sacia todas as fomes, do pão que é Ele mesmo.

O estado de ânimo da multidão é compreensível: garantir o alimento diário, satisfazendo necessidades básicas, reconhecer quem lhe pode valer e segui-lo, acalmar o tormento das dúvidas pressionantes, acolher a novidade que surge e a convida a evoluir na sua compreensão, a ver e a relacionar-se, de modo diferente, com Jesus, a quem fazem um pedido original: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”.

A relação é “paradigmática” do percurso da fé que João sumariamente apresenta: sentir-se necessitado e aceitar ir na companhia de outros, removendo preconceitos e obstáculos, fazer perguntas pertinentes e acolher respostas interpelantes, descobrir e aceitar Jesus como Mestre que não apenas faz sinais de Deus (milagres) mas ensina com a sua autoridade, atribuir-lhe o título de Senhor, reconhecendo-o como o Seu enviado, ser surpreendida pela sua declaração solene: “Eu sou o pão da vida”.

“Senhor, dá-nos sempre desse pão”: o pão da dignidade e da justiça, da liberdade responsável e da confiança recíproca, da fé inteligente e da esperança activa, da sabedoria que faz da “fraqueza” força e da limitação ponto de partida, da escuta compreensiva e do diálogo regenerador, do perdão sem conta nem medida. Pão de uma economia sustentada, ao serviço de todos, de uma política humanizada pela busca incessante do bem comum, de uma cultura aberta aos valores da vida, do bom e do belo, da bondade e da beleza. Pão que nos transforma em eucaristia e gera o mundo novo da fraternidade.

Jesus faz-se alimento no pão da eucaristia para saciar a nossa fome e quer ser alimentado na mesa dos pobres, dos sem-abrigo, dos descartados, dos indigentes de tudo o que é digno do ser humano, do que é respeitoso de toda a criação. A Igreja, fiel ao estilo de vida de Jesus e aos seus ensinamentos, prossegue nas mais diversas situações esta atenção delicada e libertadora. Às vezes, à maneira de semáforos do trânsito.

Hoje, pelo exemplo de tantos cidadãos cristãos dedicados e de instituições de beneficência e promoção, avança com novas ousadias criativas. A ilustrá-lo, de forma eloquente e realista, está a atitude/sugestão do Papa Francisco aos empreendedores da cidade italiana de Prato, conhecida como uma das capitais têxteis da Europa. Estes queriam oferecer-lhe tecidos para paramentos litúrgicos aquando da sua visita àquela região. Francisco agradece a gentileza e pede-lhes que dêem um novo rumo à oferta adiantada: que os tecidos sejam para confeccionar roupas que possam abrigar os pobres do frio ou camisetas para estudantes em países tropicais. “A ideia de Francisco, anuncia o bispo da diocese, foi acolhida com entusiasmo e, inclusivamente, 230 empresas chinesas aderiram à iniciativa e podem contribuir também com roupa já confeccionada.

Jesus, pão de Deus, para a vida do mundo está presente e actuante no coração humano. A eucaristia celebra esta maravilha. O testemunho cristão consequente torna-a visível e operativa.

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