segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

sal e luz: do sabor e da claridade

 
Pedro José Lopes Correia | Justiça e Paz – Aveiro
 
“A relação original do homem com o mundo material não é a negatividade, mas fruição e prazer da vida”,
Emmanuel Levinas in Totalidade e Infinito.
O evangelho na sua mistagogia (isto é, na pedagogia do Mistério) do Seguimento fala-nos directamente do Sal e da Luz. Queremos ser «sabor» de Cristo, nada mais. Queremos ser «luminosidade» de Jesus, nada menos. A retórica diante do Seguimento é oca. Se não somos seguidores coerentes: somos insignificantes! Daí o “não serve para nada…” do “sal”; ou o “não se pode esconder…” da “luz”. Seremos cristãos insípidos e opacos. Recusar, terminantemente, o “vale de lágrimas”!? Dos poucos e fracos: seremos teus eternos arautos depressivos e ressentidos. Nada disso!
A referência/pertença ao “sal”, no dia-a-dia, cada um saberá o quanto é intolerável o alimento sem ele, argumenta-se na compreensão da vida cristã como dinâmica de sabor. Saborear o viver. A referência/pertença à “luz”, somos iluminados pela tradição bíblica (recusar o simplismo de que a «Inovação» substitui a «Tradição»: apenas uma sinergia fecundará ambas) - do antigo testamento ao novo testamento -, o Sentido da claridade (luminosidade) de Deus está nos seus profetas e profetisas, nos seus discípulos e discípulas, nos seus amigos e amigas. Pirilampos/vaga-lumes de Deus?! Pitadas de flor de sal?!
O sabor e a claridade têm uma radicalidade nova e velha. Não se deixam superar pela “terra e mundo”, fecundam-nos; transformam-nos. O plural “Vós sois” enquanto desafio/compromisso comunitário (Povo de Deus + Igreja do Reino de Deus) fazem toda a Diferença. Ganhar sabor e claridade ao longo de toda a nossa vida comunitária é a nossa meta e a nossa conversão. A clarividência e sabedoria conseguem, respectivamente e inversamente (caso seja necessário) identificar as trevas (=mentiras, corrupções, injustiças…) e os dissabores (=desgostos, descontentamentos, contratempos…).
A nossa tarefa é garantir e oferecer sabor e claridade ao mundo e à terra que precisam do nosso empenho e da nossa presença como Comunidade, na sinceridade e na transparência enquanto Sentido do fazer e do dever querer. O Mundo e a Terra vão-se transformando diante desta certeza proclamada por Jesus Cristo: profeta do sabor e da luz: “Vós sois”!

 
FONTE: cfr. AZEVEDO, Dom Walmor Oliveira, “Vós sois o sal e luz” in Na Escola do Salvador, Editora PUC Minas, Belo Horizonte, 2009, pp.161-165.













«Descanso como forma de trabalho? Trabalho como forma de descanso? Exactamente» - Michel Crépu.

Sem comentários:

Enviar um comentário