segunda-feira, 26 de outubro de 2015

sobre alguns reflexos d´alma

 

Pedro José L. Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

“Não ver. Não ver o que se quer. Não querer o que se vê.

Coisas tão diferentes, que compõem os nossos dramas”.

OMP, in “Missão: o que o amor não pode calar” - Guião Missionário 2015/2016, p.36.

 

Pedro José L. Correia - Aveiro

[1]Não ver” – O Não-Ver da existência é “negatividade” pura; e ela não rima com “felicidade”. Eis nossa ilusão impura do “se calhar”. Se calhar para nosso bem o não ver é um ver melhor. Ver claro é um deixar de ver escurecido. Porque é Noite. E um ver indiferente é fechar-se nos olhos da opulência cínica ou do consumo desmedido. Não ver que me irrito facilmente. Não ver o sorriso genuíno. Não ver lágrima ferida. Não ver que estou cansado de dizer sim-sem-pensar. Não ver que o «carácter» não tem pátria, nem religião, e muito menos, salário base. Cumprir-se enquanto Pessoa é o mínimo que podemos aspirar. Cultivar o olhar interior. O Desejo purificado. Curar a cegueira da visibilidade, isto é, ver com o Coração apenas e sempre. Como Deus nos vê.

[2]Não ver o que se quer” – O “falso positivo” é aquilo que não está inscrito no número do telemóvel no click do polegar indeciso. Para ver muito, até mais que o necessário: ligam-se os máximos; os holofotes dos jornais; impõe-se interesses e caprichos; no fundo, o paradoxo do mentiroso verdadeiro. Para ver do lado da humanidade: diante do sol, somos a sombra; diante da luz artificial, apenas acendemos uma vela. Isso mesmo: para controlar a conta mensal da luz elétrica; basta a Coragem de participar numa Procissão de Velas. Uma pequena Procissão de Esperança nocturna. Ver com a inteligência da vida, no sentido próprio da palavra, e deixaremos de ser impróprios para os relacionamentos quotidianos. Ter o Sangue purificado Nele. Curar a cegueira da possibilidade, isto é, a preocupante e preocupada doença das "selfies".

[3]Não querer o que se vê” – Ninguém gostaria de ter a sua roupa interior exposta na praça pública. Fazemos isso e muito mais, por «coisíssima nenhuma». Dá cá aquela palha e já está arrumado o caso. Onde reside o «sacramento da iluminação»? Pelo batismo sou um iluminado que se converte passo a passo. Só autenticidade, mesmo no limite da nossa não-aderência à Verdade. Isto é complexo: do erro-a-erro para chegar ao graça-a-graça. Olhar o Futuro mais-que-imperfeito dos nossos lusos verbos irregulares. Uma nova gramática evangélica. Aqui somos invadidos: pelo “more is more” que passa a traduzir-se por “less is more”. Descobrimos que não sabemos falar línguas estrangeiras e que isso não contribui para a Salvação dos néscios?! Conversão de purificação. Curar a cegueira da impossibilidade, isto é, da invisibilidade.

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