Pedro José Lopes Correia | Justiça e Paz – Aveiro
“O maior perigo não é quando se teme o perigo, é quando se teme o remédio” – Padre António Vieira.
Sentimos a falta de Espiritualidade. Onde está a marca da espiritualidade cristã? Somos levados a procurar a intimidade com Deus, sabendo ler na nossa vida, em todos os lugares e situações, em todas as miudezas e gestos, que fazem mais necessária essa Consciência de abertura. Sempre a começar. A espiritualidade leva-nos a sujar os pés e as mãos; a gastar o corpo em vista dos outros; a usar o tempo na sua gratuidade. Move-nos o coração pela coragem de servir diariamente os irmãos? Não há espiritualidade sem aproximação às pessoas, sem procurar a transformação da realidade na linha da paz e da justiça.
Temos de escolher a Tenacidade espiritual.
Sentimos a falta de Profundidade. O olhar profundo que atravessa a compreensão para além dos cinco sentidos. Estes captam o exterior. A profundidade vai ao interior, em certo sentido fica aquém, está na seiva, no silêncio, no que gera a nossa necessidade de exterioridade. Onde se esconde o que não tem preço? Nesta procura esbarramos com aquilo que nos ilumina o pensamento, renova o desejo, nos motiva nas atitudes. Atingimos a maior profundidade quando chegamos ao Amor da Trindade. Aí repousa o Espírito de profundidade.
Temos de escolher o caminho do Trabalho interior.
Sentimos a falta da Comunidade. Nas famílias e nas histórias. Nas crises e nos sonhos. Nossos círculos de influência e pertença que não alimentam mais. Bancos alimentares contra a Fome. Nossa fome de Bem Comum. Nossa fome de Beleza e Sorrisos. Nossa fome de Verdade e Seriedade. Como está a nossa comunidade humana? «Em casa de meu Pai há muitas moradas» (Jo 14,2). Juntos permanecemos na derrota e na vitória. Separados somos menos que Nada. Deixamos de ser. Juntos somos Terra. Separados somos Pó. Aprender a dar o primeiro passo em conjunto.
Temos de escolher a observância da Partilha despojada.
Sentimos a falta de Diálogo. As palavras vão e voltam. Ao ir levam, ao voltar trazem. Sacos de compras vazios. Nos cruzamentos da Vida o diálogo cresce na diferença dos lados. Se saímos como entramos, será que dialogamos? Aguardamos indiferenças. Quando nos abrimos ao outro, habita-nos uma dupla experiência: de uma parte, a nossa identidade tem algo a dizer, enriquecendo o outro; de outra parte, temos também fragilidades e limites, que serão superados pelo acolhimento dos outros. Todo o diálogo nos dispõe para a escuta de Deus. Acreditemos no dom que Ele nos faz.
Temos de escolher (sempre) o lado Bom das pessoas.
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