terça-feira, 27 de maio de 2014

Órfãos de pais/mães vivos?!

 

Pedro José Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

(…)Da próxima vez / Não vás / Sem deixar destino ou direcção

Se houver próxima vez / Não esqueças(…)

Canção de Luís Represas



1. 1. Jesus diz-nos e promete-nos no Evangelho: “Não vos deixo órfãos, mas voltarei a visitar-vos” (Jo 14,18 – tradução Luís Alonso Schökel). Acabei de visitar – em certo sentido mais de 15 anos depois – um pedaço do paraíso localizado aqui na terra: Lugar dos Afectos, localizado em Eixo- Aveiro, criado pela inspiração genial da Dr.ª Graça Gonçalves (cfr.http://www.lugardosafectos.com/, acesso: 24-05-14) na companhia de casais e respectivos filhos, em caminhada de crescimento de fé, por compromisso de espiritualidade. Saber que em vidas passadas-presentes- e quem sabe não futuras, fomos e somos, “órfãos de afectos”: é um drama com terapia e renascimento possível. Um “lugar” que todos deveríamos visitar interiormente. Seremos diferentes para melhor qualidade de Vida.

1. 2. Orfandade é uma realidade terrível de tal modo que Jesus dá-nos o «Paráclito», isto é, “o” Advogado; “o” Espírito-da-Verdade; “o” Defensor”. Jesus sabe da nossa fragilidade, das nossas necessidades: eles/as não podem ficar órfãos. A promessa do Consolador que é “o” prometido (conteúdo da promessa) e será quem nos conduz para viver o Amor como Ele, Jesus, o viveu. Só pelo Amor de/a Jesus é possível experimentar o imenso Amor do/ao Pai para/por cada um(a). A linguagem de Deus é a linguagem do Amor, de mãe, de pai. Não precisamos de reciclar nada.

1. 3. Que tipo de relação com Deus para que Ele não nos deixe órfão. Está em nós como está Nele. Como Filho serei Pai; e o contrário será reversível? Ou em todo caso seremos sempre (e só) “presentes” na condição filial? A crueza de um tipo de visão adulterada: “Outra acusou-me, “vocês têm umas ideias feitas sobre as relações. Sabe?, a vida é curta, não tenho de aturar o meu pai, quem lhe comeu a carne que lhe roa os ossos…” Como sou pai estremei todo, olha se me calha uma destas na rifa, mas refiz-me. “Compreendo que esteja muito zangada com o seu pai, mas quando a raiva passar podemos voltar a refletir sobre isto?” (cfr. José Gameiro).

1. 4. O “ficar” órfão como “aquela” experiência de estar a falar com uma pessoa e ficar com a sensação de que é a última vez… Se for a última vez. O ser pequeno e o ser semente como o agir de Deus em nós. Uma grande intuição presente neste evangelho, “recomendativo quanto prometedor”, é a doação/dádiva do Espírito Santo para que aprendamos a amar. O difícil está nessa aprendizagem todos os dias, em todas as fases boas e más. O Amor que o Espírito Santo nos ensina na promessa de Jesus, enviado pelo Deus Pai, passa pela nossa Consciência, pela Liberdade e pelas Decisões. “Amai-vos como eu vos amei!”

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