terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente – Fev 2013

 
«Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37)
 
Amados irmãos e irmãs!
1. No dia 11 de Fevereiro de 2013, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, celebrar-se-á de forma solene, no Santuário mariano de Altötting, o XXI Dia Mundial do Doente. Este dia constitui, para os doentes, os operadores sanitários, os fiéis cristãos e todas as pessoas de boa vontade, «um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade» (João Paulo II, Carta de instituição do Dia Mundial do Doente, 13 de Maio de 1992, 3). Nesta circunstância, sinto-me particularmente unido a cada um de vós, amados doentes, que, nos locais de assistência e tratamento ou mesmo em casa, viveis um tempo difícil de provação por causa da doença e do sofrimento. Que cheguem a todos estas palavras tranquilizadoras dos Padres do Concílio Ecuménico Vaticano II: «Sabei que não estais (…) abandonados, nem sois inúteis: vós sois chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente» (Mensagem aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem).
2. Para vos acompanhar na peregrinação espiritual que nos leva de Lourdes, lugar e símbolo de esperança e de graça, ao Santuário de Altötting, desejo propor à vossa reflexão a figura emblemática do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). A parábola evangélica narrada por São Lucas faz parte duma série de imagens e narrações tomadas da vida diária, pelas quais Jesus quer fazer compreender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando se encontra na doença e no sofrimento. Ao mesmo tempo, porém, com as palavras finais da parábola do Bom Samaritano – «Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37) –, o Senhor indica qual é a atitude que cada um dos seus discípulos deve ter para com os outros, particularmente se necessitados de cuidados. Trata-se, por conseguinte, de auferir do amor infinito de Deus, através de um intenso relacionamento com Ele na oração, a força para viver diariamente uma solicitude concreta, como o Bom Samaritano, por quem está ferido no corpo e no espírito, por quem pede ajuda, ainda que desconhecido e sem recursos. Isto vale não só para os agentes pastorais e sanitários, mas para todos, incluindo o próprio enfermo, que pode viver a sua condição numa perspectiva de fé: «Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor» (Enc. Spe salvi, 37).
3. Diversos Padres da Igreja viram, na figura do Bom Samaritano, o próprio Jesus e, no homem que caiu nas mãos dos salteadores, Adão, a humanidade extraviada e ferida pelo seu pecado (cf. Orígenes, Homilia sobre o Evangelho de Lucas XXXIV, 1-9; Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, 71-84; Agostinho, Sermão 171). Jesus é o Filho de Deus, Aquele que torna presente o amor do Pai: amor fiel, eterno, sem barreiras nem fronteiras; mas é também Aquele que «Se despoja» da sua «veste divina», que baixa da sua «condição» divina para assumir forma humana (cf. Flp 2, 6-8) e aproximar-Se do sofrimento do homem até ao ponto de descer à mansão dos mortos, como dizemos no Credo, levando esperança e luz. Ele não Se vale da sua igualdade com Deus, do seu ser Deus (cf. Flp 2, 6), mas inclina-Se, cheio de misericórdia, sobre o abismo do sofrimento humano, para nele derramar o óleo da consolação e o vinho da esperança.
4. O Ano da fé, que estamos a viver, constitui uma ocasião propícia para se intensificar o serviço da caridade nas nossas comunidades eclesiais, de modo que cada um seja bom samaritano para o outro, para quem vive ao nosso lado. A propósito, desejo recordar algumas figuras, dentre as inúmeras na história da Igreja, que ajudaram as pessoas doentes a valorizar o sofrimento no plano humano e espiritual, para que sirvam de exemplo e estímulo. Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, «perita da scientia amoris» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 42), soube viver «em profunda união com a Paixão de Jesus» a doença que a levou «à morte através de grandes sofrimentos» (Audiência Geral, 6 de Abril de 2011). O Venerável Luís Novarese, de quem muitos conservam ainda hoje viva a memória, no exercício do seu ministério sentiu de modo particular a importância da oração pelos e com os doentes e atribulados, que acompanhava frequentemente aos santuários marianos, especialmente à gruta de Lourdes. Movido pela caridade para com o próximo, Raul Follereau dedicou a sua vida ao cuidado das pessoas leprosas mesmo nos cantos mais remotos da terra, promovendo entre outras coisas o Dia Mundial contra a Lepra. A Beata Teresa de Calcutá começava sempre o seu dia encontrando Jesus na Eucaristia e depois saía pelas estradas com o rosário na mão para encontrar e servir o Senhor presente nos enfermos, especialmente naqueles que não são «queridos, nem amados, nem assistidos». Santa Ana Schäffer, de Mindelstetten, soube, também ela, unir de modo exemplar os seus sofrimentos aos de Cristo: «o seu quarto de enferma transformou-se numa cela conventual, e o seu sofrimento em serviço missionário. (...) Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho» (Homilia de canonização, 21 de Outubro de 2012). No Evangelho, sobressai a figura da Bem-aventurada Virgem Maria, que segue o sofrimento do Filho até ao sacrifício supremo no Gólgota. Ela não perde jamais a esperança na vitória de Deus sobre o mal, o sofrimento e a morte, e sabe acolher, com o mesmo abraço de fé e de amor, o Filho de Deus nascido na gruta de Belém e morto na cruz. A sua confiança firme no poder de Deus é iluminada pela Ressurreição de Cristo, que dá esperança a quem se encontra no sofrimento e renova a certeza da proximidade e consolação do Senhor.
5. Por fim, quero dirigir um pensamento de viva gratidão e de encorajamento às instituições sanitárias católicas e à própria sociedade civil, às dioceses, às comunidades cristãs, às famílias religiosas comprometidas na pastoral sanitária, às associações dos operadores sanitários e do voluntariado. Possa crescer em todos a consciência de que, «ao aceitar amorosa e generosamente toda a vida humana, sobretudo se frágil e doente, a Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici, 38).
Confio este XXI Dia Mundial do Doente à intercessão da Santíssima Virgem Maria das Graças venerada em Altötting, para que acompanhe sempre a humanidade que sofre, à procura de alívio e de esperança firme, e ajude todos quantos estão envolvidos no apostolado da misericórdia a tornar-se bons samaritanos para os seus irmãos e irmãs provados pela enfermidade e o sofrimento, enquanto de bom grado concedo a Bênção Apostólica.
Vaticano, 2 de Janeiro de 2013.
BENEDICTUS PP XVI










segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FIXOS EM JESUS OS OLHOS DA ASSEMBLEIA


Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro
A leitura que Jesus faz na sinagoga da sua terra desperta a atenção da assembleia a ponto de todos fixar nele o olhar. A que se deverá esta atenção expectante dos presentes e esta fixação convergente de olhares?
Ao facto de ser um conterrâneo recém-chegado a fazer a leitura, ele que regressava do rio Jordão onde se tinha feito baptizar, começando a sua vida pública? Ao texto escolhido e proclamado, certamente bem conhecido, pois faz parte do livro escrito por um profeta anónimo pelos anos 537-520 e colocado sob a autoridade de Isaías? À mensagem tão contrastante, então como agora, que convida a uma viragem interior completa: os desanimados para alimentarem a esperança, os abandonados para acreditarem que são reintegrados, os pobres e oprimidos para confiarem na libertação que se aproxima? Ao jeito e à posição de Jesus que atraía e insinuava a boa notícia contida na passagem anunciada?
A admiração da assembleia cresce visivelmente quando Jesus se senta e declara realizada a “velha” profecia: “Hoje, cumpriu-se esta passagem que acabais de ouvir”. As suas palavras cheias de encanto suscitam interrogações mais profundas.
A mensagem proclamada constitui o programa/manifesto da missão de Jesus. Lucas coloca-o no início da vida pública para servir de pórtico e facilitar a compreensão de tudo quanto vai dizer e fazer. Esta declaração emblemática destaca a centralidade da pessoa e a circunstância em que vive, o amor de predilecção que Deus tem por cada uma e por todas, o alívio do sofrimento e da humilhação, a recuperação da dignidade perdida pelo pecado pessoal, a reposição da igualdade original simbolizada no ano da graça jubilar.
Esta boa notícia é anunciada aos pobres despojados dos seus bens pelos poderosos e ricos, aos humilhados e às vítimas inocentes da história. É preciso fazer justiça. Só assim, a vontade de Deus se realiza e manifesta na igualdade de todos os humanos, seus filhos. É preciso, como medida inicial, reduzir as desigualdades sociais do mundo e caminhar decididamente na direcção apontada por Jesus. É preciso que o amor seja mais forte do que o dinheiro/capital e provoque a equidade justa em todas as situações.
O evangelho/boa nova não é evasão da realidade. É antes o anúncio alegre e auspicioso da humanidade chamada a realizar a sua vocação plena, a contemplar de “olhos” abertos a dignidade, a liberdade de todos e de cada um, a ser mensageiros de Deus amigo e não concorrente do homem/mulher na busca da verdade, do bem, da vida feliz. A profecia começa a ser cumprida. Agora tem de ser prosseguida. Em Nazaré, os olhos estavam fixos em Jesus. E hoje estão nos cristãos, seus discípulos.                        

sábado, 26 de janeiro de 2013

Como «o querer é já praticar» (cfr. Santo Agostinho, Livro Oitavo, Cap. 8, p.233)

 

Pedro José  |  Justiça e Paz – Aveiro
Há dias em que vivemos um excesso de Graça, tal a proximidade com O Transcendente. Isto de uma maneira extremamente simples. Bastam duas coisas: a hospitalidade transparente - memoria de um passado em comum; e uma causa futura - em que devemos acreditar juntos.
Os rostos mudam e as portas fechadas abrem-se, não importam os resultados meramente materiais. Dias em que não se cresce assim. Decrescemos perigosamente, sem atenção. Não há lugar ao neutro, nem ao meio termo.
Em tudo na Vida, quando se para de avançar, já se está a andar para trás. Sei que não consigo tudo reter. Talvez o coração tenho a capacidade de trabalhar e guardar o principal. A partilha, a amizade e a entrega generosa. Dar de si mesmo. Acreditar infinitamente nas potencialidades dos Outros. O bem comum não se esconde, não se vende, constrói-se.
A Igreja, física e humana, soma os dons individuais e realiza milagres de serviço ao próximo. Vale a pena ser teimoso e tentar "o" fazer. O querer e o praticar são aliados. Vontade e obras. Vencer e convencer. Missão porque houve encarnação. Servir sem rodeios. A obra não pertence ao homem, colaboramos com criatividade e liberdade. Sinto que trabalho pouco. Recebo muito mais do que sou capaz de dar. Que a graça não me seja inútil.
Newark,25 Janeiro 2013, conversão paulina aos irmãos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

SERVIR O VINHO DA ALEGRIA


Georgino Rocha  |  Comissão Justiça e Paz.Aveiro
A boda dos noivos de Caná da Galileia é para Jesus a oportunidade de manifestar a relação do casamento natural com o amor de Deus pelo seu povo. A relação tem o valor de símbolo e a manifestação constitui o primeiro sinal da novidade que Jesus traz à realidade humana, conjugal e familiar. A oportunidade surge quando, no decorrer da festa, vem a faltar o vinho – que provoca um certo desconforto entre os mais atentos e solícitos.
A mãe de Jesus está presente. Dá conta da ocorrência e, discreta, intervém junto de seu Filho, expondo brevemente a necessidade sentida. Dirige-se também aos serventes e recomenda-lhes simplesmente que façam o que ele disser. E a maravilha vai-se realizando: as talhas de pedra que estavam vazias, enchem-se; a transformação da água em vinho, acontece; o teste da prova faz-se e é conclusivo; a necessidade é superada; a serenidade vence a ansiedade; a alegria renasce e redobra de intensidade; o chefe de mesa convence-se e interpela criticamente o noivo; o vinho bom tinha chegado e era para ficar; a mensagem é captada e os discípulos acreditam. E João, o narrador do episódio, afirma que Jesus manifesta assim a sua glória, a missão de que estava incumbido por Deus Pai.
A missão de Jesus consiste em ser o amor humanizado de Deus que perpassa e se realiza, de forma especial, na atenção ao que acontece, na proximidade solícita e  solidária para com os carecidos e aflitos, na valorização dos pequenos gestos, no diálogo interpelante, na alegria do convívio e da festa, na relação conjugal entre homem e mulher, no matrimónio conscientemente assumido e fielmente vivido.
Nas bodas de Caná, tudo aponta para este final feliz. Quem fica nos pormenores e perde a intenção de Jesus pode comparar-se a alguém que quer ver a lua, mas não tira o olhar do dedo de quem aponta a direcção em que ela se encontra. Por mais esforços que faça, nunca alcançará o que pretende e corre o risco de descrer da sua existência, apesar de observar o luar brilhante em noites de céu límpido e estrelado. Assim, quem não alicerça o amor conjugal heterossexual na sua matriz original – a criação do homem e da mulher como seres em relação mútua e recíproca – e na bênção renovadora e reconfortante com que Jesus a enriquece e eleva.
A água e o vinho constituem os elementos materiais que visualizam esta novidade. São realidades normais da vida quotidiana: a água como elemento natural bruto; o vinho, como fruto “da terra e do trabalho humano”; ambos vão ser transformados na eucaristia em dons da salvação. Nas bodas de Caná, tudo é frágil e momentâneo, mas fortemente expressivo. Assim no casamento, realidade humana sujeita a tantas tribulações, mas onde se serve no dia-a-dia o vinho da alegria e do perdão e se faz vida o amor de Deus em sentimentos de comunhão e gestos de doação e entrega.



sábado, 12 de janeiro de 2013

Para uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal

NOTA DO PONTIFÍCIO CONSELHO «JUSTIÇA E PAZ» Para uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal Prefácio «A situação actual do mundo exige uma acção de conjunto a partir de uma visão clara de todos os aspectos económicos, sociais, culturais e espirituais. Perita em humanidade, a Igreja, sem pretender de modo algum ingerir na política dos Estados, “tem apenas um fim em vista: continuar, sob o impulso do Espírito consolador, a obra própria de Cristo, vindo ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar, não para condenar, para servir, não para ser servido”».(1) Com estas palavras Paulo VI, na profética e sempre actual Carta encíclica Populorum progressio, de 1967, traçava de maneira límpida «as trajectórias» da íntima relação da Igreja com o mundo: trajectórias que se entrelaçam no profundo valor da dignidade do homem e na busca do bem comum, e que também tornam os povos responsáveis e livres de agir em conformidade com as suas mais elevadas aspirações. A crise económica e financeira que o mundo está a atravessar interpela todos, pessoas e povos, a um profundo discernimento dos princípios e dos valores culturais e morais que estão na base da convivência social. Mas não só. A crise empenha os agentes privados e as autoridades públicas competentes nos planos nacional, regional e internacional, numa séria reflexão sobre as causas e soluções de natureza política, económica e técnica. Nesta perspectiva a crise, como ensina Bento XVI, «obriga-nos a projectar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e a encontrar novas formas de empenhamento, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas. Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e de nova projectação. Com esta chave, mais confiante do que resignada, convém enfrentar as dificuldades da hora actual». (2) Os próprios líderes do G20, no Statement adoptado em Pittsburgh em 2009, afirmaram que «the economic crisis demonstrates the importance of ushering in a new era of sustainable global economic activity grounded in responsibility».(3) Acolhendo o apelo do Santo Padre e, ao mesmo tempo, fazendo próprias as preocupações dos povos — sobretudo daqueles que mais padecem o preço da situação contemporânea — o Pontifício Conselho «Justiça e Paz», no respeito pelas competências das autoridades civis e políticas, tenciona propor e compartilhar a própria reflexão: «Para uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública com competência universal». Esta reflexão deseja ser uma contribuição para os responsáveis da terra e para todos os homens de boa vontade; um gesto de responsabilidade não apenas em relação às gerações presentes, mas sobretudo às futuras; a fim de que nunca se perca a esperança de um porvir melhor, nem a confiança na dignidade e na capacidade de bem da pessoa humana. Cada pessoa individualmente, cada comunidade de pessoas, é partícipe e responsável pela promoção do bem comum. Fiéis à sua vocação de natureza ética e religiosa, as comunidades de crentes devem ser as primeiras a interrogar-se a respeito da idoneidade dos meios de que a família humana dispõe em vista da realização do bem comum mundial. A Igreja, por sua vez, é chamada a estimular em todos, indistintamente, «aquele imenso esforço com que os homens, ao longo dos séculos, tentaram melhorar as condições de vida, corresponde[ndo deste modo] à vontade de Deus».(4)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Metade da comida produzida todos os anos vai para o lixo


in Público 10 Janeiro 2012
Leia aqui o artigo na íntegra.

(...) Os números apurados pela instituição estão em linha com os dados da FAO (Food and Agriculture Organization, das Nações Unidas), segundo os quais os países industrializados deitam fora um terço da comida disponível, todos os anos. Isto equivale a 1,3 mil milhões de toneladas, segundo a FAO, suficientes para alimentar as 868 milhões de pessoas que todos os dias vão dormir com fome.

Só em Portugal, é desperdiçado um milhão de toneladas de alimentos por ano (17% do que é produzido pelo país), de acordo com as conclusões do PERDA - Projecto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar, apresentadas em Dezembro. (...)
Por isso, os autores do documento recomendam que sejam tomadas medidas urgentes para inverter este cenário.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Exposição de Arte Sacra

 
                 "Diocese de Aveiro - Presente e Memória"

cartaz a enviarO conjunto das cerca de cem peças reunidas na comemoração do 75º aniversário da Diocese de Aveiro, no Museu de Aveiro, anunciam, com toda a propriedade, mais de quinhentos anos de história de arte que se reporta, nos seus motivos catequéticos, a uma história do mundo contada a partir do ano de nascimento de Cristo.
O principio que regeu a escolha das peças aqui exibidas não foi exclusivamente histórico (ainda que se encontrem peças datadas desde o séc. XIII), nem artístico (algumas delas de relevantequalidade, beleza e inovação técnica), mas social: estas são as peças com que a Diocese se quis fazer representar. As peças espontaneamente reunidas permitiram contar uma história do cristianismo que se funda em Deus, revelado em trindade, e que se prolonga para além de Cristo na representação da vida dos santos até S. Benedito; a escultura do séc. XVII de um santo negro, justificava já a insustentabilidade racista da escravatura, muito antes da sua abolição política. A história desta cristandade, convoca aqui a história da nacionalidade na relação com outros lugares europeus e intercontinentais construindo a resistente genealogia da iconicidade católica. Estão aqui reunidas muitas culturas que polinizaram este território universalizando-o....


Reforma do Estado só terá sucesso com cortes nas pensões e salários

 
Leia aqui a versão final do relatório do FMI com propostas para cortar 4 mil milhões de euros nas despesas do Estado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que "as metas de redução de despesa só podem ser atingidas" caso a reforma do Estado tenha o foco "nas maiores rubricas orçamentais, particularmente na factura dos salários públicos e na despesa com pensões".
A frase consta da versão definitiva do documento do Fundo sobre a reforma do Estado, que será entregue hoje no Parlamento, a que o Diário Económico teve acesso.
A instituição liderada por Christine Lagarde lembra que, em conjunto, os salários da função pública e as pensões valem "24% do PIB e 58% da despesa pública, excluindo juros". Por isso, frisa o documento, "parece impossível atingir os objectivos de redução de despesa pública sem alterações nestas duas áreas", onde devem ser tomadas "reformas relevantes".
No que toca aos salários da função pública, o FMI considera que os principais problemas estão relacionados com o "sobre-emprego no sector da educação e nas forças de segurança", sobretudo no que diz respeito aos trabalhadores menos qualificados, bem como ao valor a que são pagas as horas extraordinárias "no sector da saúde".
O Fundo frisa que as rescisões amigáveis são a opção menos adversa, mas também "a opção mais onerosa" e que pode levar "à saída dos mais qualificados". E o Governo "não se pode dar ao luxo" de seguir essa opção.
Já no que toca à saúde, para reduzir o pagamento de horas extraordinárias, as tabelas salariais dos médicos devem ser alinhadas com a média europeia.
Os técnicos de Washington dizem que será importante haver outras reformas que modernizem o Estado mas, no imediato, assumem um carácter menos prioritário.
O FMI admite também que as recentes reformas nas pensões já constituem um avanço. Mas sublinha que "serão necessárias reformas adicionais", porque o actual sistema de pensões é "insustentável". E sugere que fundir os sistemas público e privado poderá "fornecer um forte sinal inicial".
O documento apela ainda a mais cortes em outras despesas sociais, como o subsídio de desemprego e o salário mínimo, por exemplo. Na educação, será preciso manter o foco na melhoria dos resultados do sistema educacional, ao mesmo tempo que se reduzem custos e se aumenta a equidade na alocação de recursos.










segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2013- Ano Europeu dos Cidadãos


20 anos após a criação da cidadania da União, registaram-se progressos concretos que afectam directamente a vida de milhões de pessoas. Para citar apenas um exemplo: hoje em dia ir ao estrangeiro implica custos de viagem mais baixos, sem complicações na passagem das fronteiras, viagens organizadas com garantia, acesso aos sistemas de saúde e chamadas telefónicas para casa mais baratas. Trata-se apenas de alguns dos benefícios que decorrem da cidadania europeia. A Comissão pretende que sejam eliminados os obstáculos com que as pessoas ainda se deparam quando exercem os seus direitos no estrangeiro.
O objectivo do Ano Europeu dos Cidadãos consiste em facilitar aos cidadãos da União o exercício do seu direito de circular e residir livremente no território da UE, assegurando um fácil acesso às informações sobre os seus direitos. Mais especificamente, o objectivo do Ano Europeu consiste em:
  • aumentar a sensibilização dos cidadãos para o seu direito de residir livremente na União Europeia;
  • aumentar a sensibilização para a forma como os cidadãos podem beneficiar dos direitos e políticas da UE e estimular a sua participação activa no processo de elaboração das políticas da União;
  • estimular o debate sobre o impacto e o potencial do direito de livre circulação, em especial em termos de reforço da coesão e de compreensão mútua.
Para assinalar o Ano Europeu dos Cidadãos de 2013, será organizada em toda a UE uma série de eventos, conferências e seminários, a nível nacional, regional ou local. A Comissão tenciona igualmente reforçar a visibilidade dos portais Web multilingues «Europe Direct» e «A sua Europa» como elementos chave de um «balcão único» de informação sobre os direitos dos cidadãos da União, bem como o papel e a visibilidade dos instrumentos de resolução de problemas, como o SOLVIT, para que os cidadãos da União exerçam e defendam melhor os seus direitos.