quinta-feira, 26 de junho de 2014

FELIZ ÉS TU, SIMÃO PEDRO!

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

Jesus declara feliz Simão Pedro pela resposta dada à pergunta que havia feito ao grupo dos apóstolos: “E vós quem dizeis que Eu sou?” Espontâneo e emotivo, diz sem hesitação: “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo”. 

Jesus acolhe esta resposta que o identifica na sua realidade mais profunda, revela que Pedro foi agraciado por uma revelação especial de Deus Pai e anuncia a nova identidade que ele viria a assumir na Igreja encarregada de propor a verdade, de estabelecer laços de comunhão, de ser pedra sólida na construção de uma nova civilização - a do amor. A missão de Pedro emerge da identidade de Jesus Cristo e configura-se no seio de uma Igreja marcada pela fidelidade e responsável pelo testemunho coerente e oportuno. 

Assente nos seus traços principais, a missão de Pedro e dos papas, seus sucessores, tem procurado, ao longo da história, a melhor forma de ser levada à prática. Nem sempre fácil, como demonstram os factos. Mas a harmonia na comunhão e o respeito pelas diferenças legítimas são sempre desejados e, ultimamente, foram expressos como “pedido” oficial ardente por João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Nem excessos de papado e menoridade do colégio episcopal, nem o seu contrário. Nem uma diocese mundial – a de Roma – e redução das outras dioceses a simples filiais, nem uma dispersão que ignore e desfaça a comunhão no seio da qual o serviço do Papa tem relevo peculiar.

Exemplo claro desta tensão fecunda é-nos dado por Paulo de Tarso, homem determinado e temperamental, perseguidor zeloso, apóstolo de Jesus Cristo por especial eleição. O seu modo de ver as situações e de compreender a missão de evangelizar as pessoas entram em conflito aberto com os cristãos provindos do judaísmo e seus responsáveis. Várias vezes, tem de afirmar a sua convicção pessoal e de provocar reuniões com outros apóstolos e discípulos para que, como veio a recomendar o Vaticano II, “haja unidade no necessário, liberdade na dúvida, caridade em tudo” GS 92.

Dois apóstolos admiráveis que a Igreja celebra na mesma festa. A ambos custou muito entender a novidade de Jesus: estavam amarrados a tradições religiosas ancestrais, defendiam o cumprimento literal das leis, esperavam ver desaparecer os inimigos e triunfar o reino por eles idealizado, de acordo com as tradições. Pedro chega a arvorar-se em mestre de Jesus que lhe dá uma reprimenda inigualável. Paulo orgulha-se da sua formação na escola de Gamaliel e de outros títulos de glória, mas, uma vez convertido a Cristo, considera tudo lixo, pois só quer saber de Jesus e de Jesus cruxificado. 

De ambos, conservamos o testemunho mais expressivo do serviço ao Evangelho, apesar da sua fragilidade: fazem a experiência feliz de encontros com Jesus ressuscitado, buscam a verdade e superam tensões mediante a oração e o diálogo em assembleias, aceitam as suas debilidades como espaços de vida onde emergem a força de Deus e a paixão pelo anúncio do Reino, reconhecem um no outro o amor de eleição e respeitam os campos acordados da missão, selam com o sangue martirial a opção de vida que haviam feito por Jesus Cristo e seu reino.

Festa de São Pedro e de São Paulo, colunas da Igreja, arautos do Evangelho ao serviço da verdade e do amor. Vale a pena experienciar o seu testemunho de felicidade!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

ACOLHE JESUS, O PÃO DA VIDA

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

Jesus, após a multiplicação dos pães, faz um ensinamento cheio de novidade que provoca as mais diversas reacções. É um ensinamento em que desvenda toda a riqueza do seu amor por nós, a vontade de entregar o seu corpo e derramar o seu sangue em benefício de toda a humanidade, a decisão de ficar com aqueles que acreditem na sua palavra, comunguem o seu desejo e acolham a sua oferta. Que generosidade maravilhosa!

As reacções são diversas: a multidão saciada quer confirmar a fonte do seu sustento, muitos discípulos acham duras as declarações de Jesus e deixam de andar com ele, as autoridades censuram-no abertamente, lembrando a sua humilde pertença familiar. “Deixai de criticar” – admoesta-os ele, fazendo apelo a Deus Pai que o enviou. Um pequeno grupo, de que se destaca Simão Pedro, garante-lhe fidelidade e afirma que só ele tem palavras de vida eterna.

Estas reacções mantém toda a actualidade, embora com acentuações diferentes. A multidão continua inquieta à procura do pão que possa saciar as suas fomes de consideração e respeito, de amor e proximidade, de cultura e paz, de liberdade e dignidade, de trabalho e promoção. Pão para a sobrevivência existencial, sem mais. A censura das autoridades permanece actuante em campos tão diversos como a educação e seus lóbis, a transmissão da vida e sua (des)protecção, o espaço religioso e sua privatização ou “descafeinização” da sua mensagem. O grupo dos fiéis incondicionais proclama publicamente a sua fé em Jesus, pão dado por Deus para a vida do mundo, palavra definitiva que marca o rumo da história e define o seu sentido, companhia solícita e revigorante para quem o recebe e lhe corresponde. Não deixemos de ter em conta estas reacções e de assumir as suas interpelações.  

A atitude do grupo dos fiéis prolonga-se no tempo, celebra-se ao domingo e dá origem à Festa do Corpo de Deus, festa que aparece na liturgia da Igreja no século XIII. Festa que pretende avivar a fé dos cristãos na presença eucarística de Jesus (no pão consagrado na missa e, por vezes, conservado no sacrário sob a forma de Santíssimo Sacramento), adorar e dar graças ao Senhor pelo seu amor de entrega contínua em benefício de toda a humanidade (na celebração dominical, sobretudo), anunciar publicamente que Jesus ressuscitado caminha connosco ao longo da vida ( na procissão que percorre as ruas das nossas terras). 

Festa que celebra no presente a ceia pascal de Jesus com os seus amigos e antecipa o banquete da família de Deus quando a eternidade dispensar o tempo caduco. Festa que, em ritos (gestos, sinais, palavras), transforma por acção do Espírito Santo o pão e o vinho da missa em corpo e sangue de Cristo. Festa que expressa e constrói a fraternidade na comunidade cristã e gera dinamismos missionários tendentes a chegar a todas as “periferias” existenciais.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

TANTO AMOU DEUS O MUNDO

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

Jesus atende Nicodemos ao cair da noite e abre horizontes novos ao círculo fechado das suas dúvidas e perplexidades. Fazem um diálogo de consciência acerca de Deus e da consequente relação humana. Passam dos sinais – ditos, ensinamentos e milagres – que manifestam as intenções de Jesus, o enviado de Deus, à necessidade de ver com olhos novos essa realidade, de a compreender no seu alcance anunciador, de a assumir como presença do Reino de Deus já em movimento.

É no decorrer deste diálogo profundo e interpelante que Jesus faz a solene declaração: Tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito para que todo o que n’Ele acredita não pereça, mas tenha a vida eterna. E desvenda outra dimensão desta entrega: Para que o mundo seja salvo por Ele e não condenado. Jesus deixa a claro o que está em causa: o amor de Deus Pai, o sentido da missão do Filho, o valor do baptismo fruto do Espírito Santo a ser enviado e da água – berço da vida nova.

Nicodemos, homem culto e influente, fica admirado e pergunta: “Como é que isso pode acontecer?” E Jesus lança-lhe outro desafio com “ares” de censura: Acreditar nas coisas do céu que se revelam de modo especial no grande sinal, o do Filho do Homem ser levantado na cruz salvadora, como havia feito Moisés com a serpente no deserto.

Nicodemos, símbolo do homem de todos os tempos, evolui interiormente: da procura ao encontro, da dúvida ponderada à certeza assumida, das aparências à realidade, da admiração expectante ao envolvimento selectivo, do nascer do ventre materno à vida nova do Espírito. De facto, aparece mais tarde a defender Jesus no Sinédrio e a intervir com José de Arimateia para que o cadáver possa ser descido da cruz e receber as “honras” fúnebres antes do sepultamento. Presta assim um valioso serviço, mas o Evangelho não afirma que se tenha feito discípulo, seguidor de Jesus, praticante dos seus ensinamentos, testemunha corajosa do Espírito que renova os corações e quer transforma as mentalidades e as estruturas sociais e religiosas para que sirvam cada vez mais a pessoa, suas associações e comunidades.

O diálogo transmitido por João deixa transparecer claramente o agir de Deus que é a epifania do Seu ser. Só deste modo temos acesso à Santíssima Trindade: amor de comunhão em três pessoas iguais e distintas que desempenham funções diversificadas em ordem à salvação plena da humanidade e à integração de toda a realidade no Reino. Esta visão grandiosa é-nos apresentada por Paulo ao afirmar: “Tudo é vosso; vós sois de Cristo e Cristo é de Deus”.

A razão humana fica no limiar do mistério, pode intuir e analisar, como Nicodemos, os sinais que a deixam vislumbrar, mas não avança mais. Jesus vem em nossa ajuda e faz-nos mergulhar no coração de Deus, na fonte de água viva que sacia todas as sedes, no amor de entrega incondicional pela vida do mundo. O ser humano encontra a matriz da sua vocação originária – a comunhão relacional que origina a família biológica e todas as formas associativas e solidárias. A história desvenda o seu sentido mais profundo – ser história de salvação que, protagonizada pelo homem/mulher, de Deus procede e para Ele se encaminha. O futuro abre-se de par-em-par, pronto a acolher todas as sementes de bem que brotam de uma humanidade renovada. O presente ergue-se como espaço único de realização humana, oportunidade imperdível de tomar decisões livres condicionantes do futuro desejado.

Perante tal grandeza como não sentir a premência de acolher o amor que Deus nos tem e de lhe dar uma resposta generosa cultivando a sua intensidade e o seu ritmo, as suas preferências e urgências?!

Condenados à pobreza?

 
 
M. Oliveira de Sousa  |  Justiça e Paz – Aveiro
 
 
É difícil percecionar a resposta que cada um de nós, cada português, dará quando olha para o horizonte e para o imediato das suas responsabilidades. Porém, pelos frutos se conhecerá a árvore – dir-se-á. No caso, recorrendo às virtudes do aforismo, há pouco fruto mas a árvore, a floresta que é o todo nacional, não é má. Portanto, não podemos assumir uma conclusão linear.
Vejamos. É lugar-comum que os portugueses são, por esse mundo fora, um povo dedicado, trabalhador. Às vezes cai-se, até, no campo da classificação, simpática mas pouco abonatória, de um “humilde” e trabalhador. Claro que a pouca simpatia pela classificação está no que se entende por isso (humilde) e no que se quer com isso (resignado, sem capacidade para ousar e ir mais longe, etc.). Por outro lado, os portugueses que se espalham pelo mundo têm globalmente um antagonismo crónico – como terão os emigrantes do mundo inteiro: são estrangeiros noutras paragens (cidadãos que estão vulneráveis porque precisam) e têm de aceitar o que existe partindo do princípio que é melhor do que Portugal lhes poderia oferecer.
Nos últimos anos, a situação alterou-se significativamente, como e sabido. Portugueses, genericamente mais preparados academicamente do que nunca, saem de Portugal. São ótimos profissionais e cidadãos com grande capacidade de trabalho e integração social.
Então, o que há em comum, transversal a todas as gerações?
Primeiro, para vingar na vida, têm de sair.
Segundo, todos demonstram que Portugal não responde aos seus anseios.
Com isto, o país fica cada vez pobre – perde recursos humanos fundamentais, desertifica-se. Não havendo pessoas estamos, logo à partida, mais pobres. Depois, com isso, tudo o resto é consequência.
Como inverter a situação?
Reorganizar a educação em Portugal. O sistema educativo, o currículo, os cursos e a forma como preparamos os jovens para a vida não estão a capacitar para o empreendedorismo, para combater a ideia e a prática de que o país não dá, não faz nada pelos seus filhos. A Educação em Portugal tem de ser orientada para as ciências humanas e sociais, para a capacitação de competências para que cada cidadão seja mais autónomo, ter capacidade para fazer cá dentro o que é capaz de empreender lá fora.
Novas parceiras no ensino superior que passarão seguramente por quadros de proximidade e estratégias para o desenvolvimento dos melhores recursos do país, em todos os setores, incluindo o primário, claro!
Já não conseguiremos – porventura?! - mudar para melhor os que estão no ativo?! Prepare-se um plano estratégico que mude as mentalidades, a cultura do despesismo, a dependência da máquina do Estado, daquilo que os outros podem fazer por nós em favor do que podemos fazer por nós próprios e, em consequência, recorrendo a JF Kennedy, o que faremos pelo país. Preparar um Estado forte com cidadãos empreendedores, autónomos, pragmaticamente visionários e profissionalmente como somos, globalmente, cada um de nós. Mas é preciso agir mais e reagir menos.
A pobreza combate-se com mais pessoas a eliminá-la!
Portugal é suficientemente grande para tão pouco.
NOTA POSTERIOR, d’ O Observador
Numa escala de um a 10, o estudo avalia individualmente os 41 países da OCDE com base em três pilares: o desempenho das políticas – económicas, sociais e ambientais -, a qualidade do sistema democrático e a capacidade do Governo para executar reformas. Segundo Daniel Schraad-Tischler, a educação foi o setor mais prejudicado em Portugal ao longo dos últimos três anos.
“Os orçamentos das escolas e das universidades caíram, as propinas aumentaram, perderam-se professores e, desta forma, a qualidade da educação piora de ano para ano”, sustenta o investigador, sublinhando que “cortar na educação, que é uma área em que se deve investir por ser voltada para o futuro, é um erro”.
De facto, Portugal foi avaliado apenas com 4,1 no desempenho do setor da Educação, a nota mais baixa de toda a União Europeia – só a Grécia teve a mesma cotação. Os restantes países do sul tiveram todos uma nota superior.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O trono e a tribuna

 

M. Oliveira de Sousa  |  Justiça e Paz – Aveiro

O trono (de Espanha) e a tribuna (em Portugal) reclamam mudança!

O “terramoto” – epíteto de vários comentadores e protagonistas políticas atribuído aos resultados inesperados das recentes eleições para o Parlamento Europeu – o “terramoto”, direta ou indiretamente, continua a provocar ondas de choque.

O caso de Espanha, a abdicação do Rei Juan Carlos, é uma alusão indireta. Porém, já provocou o ressurgir da divisão entre os espanhóis quanto à continuidade da Monarquia ou referendar a implementação da República.

A incidência direta, das ondas de choque, repercute-se nos vários países europeus. A França foi o berço da expressão, logo na noite eleitoral: “é mais do que um aviso, é um choque, um terramoto”, disse o primeiro-ministro francês Manuel Valls.

Do outro lado do Canal da Mancha outros fantasmas. O terramoto UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) nas eleições europeias mudou o tabuleiro político britânico. O partido eurocético thatcherista e anti-imigração, liderado por Nigel Farage ficou em primeiro lugar com 27,50% dos votos, deslocando a oposição trabalhista para um segundo lugar e os conservadores do primeiro-ministro David Cameron para o terceiro posto.

Pela primeira vez na história política moderna um partido, que não seja o conservador ou o trabalhista, ganha uma eleição nacional.

A extrema-direita vê reforçada a presença no Parlamento Europeu com a vitória dos partidos de extrema-direita em França e na Dinamarca e a eleição de um deputado neonazi na Alemanha e dois na Grécia. Sempre lá estiveram, mas agora ganharam força. As vitórias da Frente Nacional, do Partido Popular Dinamarquês e do UKIP, o terceiro lugar da Aurora Dourada e o segundo lugar do Jobbik vêm dar um novo cunho ao Parlamento Europeu que vê aumentar em muito o número de representantes da extrema-direita no hemiciclo (46, segundo as contas do Observador – um aumento de 20% em relação a 2009). Na Alemanha, os eurocéticos ganharam sete lugares, enquanto o Syriza na Grécia consegue eleger sete eurodeputados. O Observador previu os resultados e agora dá conta dos votos – comenta o Observador, jornal diário online, independente e livre.

Em Portugal, bem, em Portugal o caso é “sui generis” – como sempre! Fazemos as coisas de outra maneira. Os perdedores das eleições viram o caso como um mal menor, dada a tangencial nos resultados. Os ganhadores, em valores absolutos, como já aludimos no último número do Correio do Vouga, … mais uma vitória destas e a coisa estremecia, recordando as pelejas Pirro. Não foi preciso chegar a tanto, isto é, a mais uma vitória. Esta foi mesmo a última.

Mas o que pode um líder fazer quando acaba de ganhar? Normalmente, aconselha-se a moderação na vitória!

Por outras palavras, chamando à liça o “Crepúsculo dos ídolos”, de Nietzsche, não reagir às emoções. Porque uma reação forte conduz a desperdício de forças que mais transparece fraqueza.

E o individuo não gosta de um líder, mesmo que não o seja, que aparente fraqueza. Aliás, mesmo o fundador de uma religião, continua Nietzsche, está muito longe de dever necessariamente possuir uma imensa força – o seu papel é simplesmente o de um estímulo casual que dispara forças acumuladas, as quais, no entanto, cedo ou tarde haverão de explodir a atrair adesão. Quem o considera grande ou lhe atribui imensas forças confunde a faísca com o explosivo. Até podem terem sido ‘pessoas insignificantes’; mas a força estava acumulada e pronta para a explosão! Nessas condições, um estímulo casual que pode ser em si mesmo insignificante também conduz necessariamente a “grandes disparos de energia”.

ABRI O CORAÇÃO AO SOPRO DE JESUS

 

Georgino Rocha  |  Justiça e Paz – Aveiro

João coloca o envio do Espírito Santo no dia da Ressurreição, o primeiro da semana, ao anoitecer (da esperança dos discípulos). Lucas prefere situá-lo na festa de Pentecostes, festa tradicional das colheitas, festa memorial que passa a celebrar a aliança de Deus com o seu povo, a partir do Sinai. Lucas com esta opção pretende fazer catequese e mostrar que o novo povo, a comunidade cristã, nasce com a vinda do Espírito e o anúncio de Jesus ressuscitado pelos apóstolos.

A narrativa de João “visualiza” esta vinda de forma expressiva e solene. Constitui uma cena enternecedora, cheia de significado, tendo Jesus apresentado as suas credenciais ao grupo amedrontado – apesar dos sinais de esperança ocorridos durante o dia -, fechado em si mesmo e na casa onde estava reunido, enquanto a noite descia lentamente sobre a cidade. E a reviravolta acontece, a começar pela sintonia criada e audácia assumida.

Jesus aparece e coloca-se no meio deles, deseja-lhes a paz, mostra as feridas da sua paixão, reafirma a união que mantem com Deus Pai de quem é o enviado, anuncia a missão que lhes vai confiar, sopra sobre eles e diz: “Recebei o Espírito Santo”. 

Que “evolução” anímica e espiritual se pode pressentir neste episódio singular: da dispersão interior à convergência em Jesus, o centro do encontro que gera vida; do medo castrador à coragem fecunda e inovadora; da inquietação perturbante à pacificação harmoniosa e confiante; da tristeza amarga pela sensação de uma ausência sofrida à experiência exultante de alegria pela novidade da presença tão desejada; do vazio existencial face ao presente e ao futuro ao envolvimento imediato na missão condensada na “gestão” sábia do perdão como dom de Deus.

O sopro de Jesus dá “rosto” expressivo ao sopro de Deus que estabelece a harmonia no caos original e faz humano o ser criado. O sopro de Jesus é portador de vida em todas as situações de morte como no seu processo de condenação que abre as portas à feliz ressurreição. O sopro de Jesus, tal como nos discípulos, impele a Igreja a abrir as portas e a sair ao encontro, a testemunhar a alegria que a invade, a esperança que a anima. O sopro de Jesus gera em nós um coração novo, um olhar puro, uma audácia ousada, uma experiência feliz que nos impulsiona a partilhar esta força que nos anima e eleva, fortalece e equilibra; que nos leva a desejar a purificação da consciência e a fazer festa de comunhão; que nos faz amar a verdade que liberta e a honestidade que nos responsabiliza.

O sopro que Jesus recebe de Deus Pai é o Espírito Santo, que nos é dado para connosco/seres humanos cuidar de todas as criaturas e da criação inteira. E há tanto para fazermos, a começar por nós mesmos. Daí a urgência de abrir o coração e acolher os dons que nos oferece. Daí a alegria de cooperar no grandioso projecto de renovação que Ele, discretamente, protagoniza.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

CES- colóquio 19 de junho

 

Colóquio “A transferência de rendimentos do trabalho para o capital - Contexto, dimensões, instrumentos” que o Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra irá realizar, em cooperação com sindicatos parceiros – SFJ, SINJOR, SPGL, STEC, STI – terá lugar no dia 19 de junho, pelas 09h30, no Auditório do STEC, em Lisboa (Largo Machado de Assis, Lote A, 1700-116 Lisboa). As inscrições – gratuitas, mas obrigatórias –, realizam-se através do formulário online disponível aqui.

O relatório “A Anatomia da Crise: Identificar os Problemas para Construir as Alternativas” do Observatório, expos, claramente, que em Portugal se assiste a uma brutal transferência de rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital, no setor privado e no setor público.

O presente Colóquio pretende identificar e denunciar dimensões, técnicas e instrumentos utilizados nessa transferência e as suas enormes implicações: nos rendimentos dos trabalhadores e das suas famílias; nos direitos no trabalho e na fragilização do direito do trabalho; no enfraquecimento do Estado Social; no agravamento dos desequilíbrios das relações de trabalho. E produzir uma reflexão sustentada sobre o papel da negociação coletiva, as suas potencialidades e constrangimentos, face ao processo de revisão de legislação sobre a matéria.

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CES- colóquio 19 de junho

 

Colóquio “A transferência de rendimentos do trabalho para o capital - Contexto, dimensões, instrumentos” que o Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra irá realizar, em cooperação com sindicatos parceiros – SFJ, SINJOR, SPGL, STEC, STI – terá lugar no dia 19 de junho, pelas 09h30, no Auditório do STEC, em Lisboa (Largo Machado de Assis, Lote A, 1700-116 Lisboa). As inscrições – gratuitas, mas obrigatórias –, realizam-se através do formulário online disponível aqui.

O relatório “A Anatomia da Crise: Identificar os Problemas para Construir as Alternativas” do Observatório, expos, claramente, que em Portugal se assiste a uma brutal transferência de rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital, no setor privado e no setor público.

O presente Colóquio pretende identificar e denunciar dimensões, técnicas e instrumentos utilizados nessa transferência e as suas enormes implicações: nos rendimentos dos trabalhadores e das suas famílias; nos direitos no trabalho e na fragilização do direito do trabalho; no enfraquecimento do Estado Social; no agravamento dos desequilíbrios das relações de trabalho. E produzir uma reflexão sustentada sobre o papel da negociação coletiva, as suas potencialidades e constrangimentos, face ao processo de revisão de legislação sobre a matéria.

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