quarta-feira, 12 de março de 2014

Invasões e evasão

 

M. Oliveira de Sousa  |  Justiça e Paz – Aveiro 

O cidadão comum – aquele cuja vida é orientada por processos simples alicerçados em valores, com olhar atento à realidade que o rodeia e participação ativa na transformação do mundo – fica estupefacto com estes movimentos de invasão; chegam a provocar urgência de evasão, de fuga do mundo – dando razão, porventura, mais uma vez, a Rosseau e à “teoria do bom selvagem”: o homem por natureza é bom, nasceu livre, mas sua maldade advém da sociedade que, com a sua presunçosa organização, não só permite mas impõe a servidão, a escravidão, a tirania e inúmeras outras leis que privilegiam as elites dominantes em detrimento dos mais fracos, reiterando assim a desigualdade entre os homens, enquanto seres que vivem em sociedade.

O cidadão comum compreende a antiguidade, com territórios sem Estado, construída ao fio da espada, de ambições tirânicas, sem uma organização e uma sociedade de nações, sem protocolos estabelecidos baseados na construção da paz e do bem comum!? O cidadão comum resigna-se perante as invasões helénicas (no século XX, a. C), dos Celtas (480 a.C.), do Império Romano (218 a.C.), dos Bárbaros (entre 300 e 800), das invasões muçulmanas (a partir de 711). Até compreende as invasões mongóis no oriente Japão (1274-1281)!

As invasões francesas e napoleónicas, do século XVIII-XIX, bem mais perto no tempo, como consequência da Revolução Francesa e início da luta entre a França revolucionária e a Europa conservadora levantam estupefação!

Mas passado este período, já cria assombramento como a opulência, soberba, cegueira e ambição desmedida de uns conduziram à Primeira Grande Guerra (de 28 de julho de 1914 até 11 de novembro de 1918).

E a Invasão da Polónia em 1 de setembro de 1939!? – assustador tanta semelhança com o tempo presente!

E as coincidências continuam! Quando um grupo de separatistas de uma província – uma província?! – resolve rebelar-se contra o governo central conduzindo à Guerra do Kosovo (24 de março a 3 de junho de 1999), à intromissão da NATO e à consequência geoestratégica que mais interessava à mesma organização, sem medir o alcance do disparate!

E depois surgiu a Guerra na Ossétia do Sul em agosto de 2008…

A Crimeia!

Com tantos cenários complicados de entender, num mundo que tem a Organização das Nações Unidas como “mesa” de encontro, o cidadão comum deseja a evasão! Mas para onde?

O mundo terá de cuidar do trigo e não perder a paz por causa do joio.

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