terça-feira, 2 de julho de 2013

liberdade interior

«Eu falo da primeira liberdade
Do primeiro dia que era mar e luz
Dança, brisa, ramagens e segredos
E um primeiro amor morto tão cedo
Que em tudo que era vivo se encarnava».
[Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética, 2011, p. 281.]
Meditamos três textos notáveis. Plásticos e impressivos. Um do Antigo Testamento (Primeira Aliança); outro, uma carta de Paulo, e finalmente, o evangelho (por regra entra em diálogo quase sempre com o primeiro). O que está nas entrelinhas de textos tão diferentes? Qual o fio condutor que une a liturgia? Simplesmente, propõe-se: aprender Jesus. Como? Vamos reflectir.
Elias passa e chama o discípulo Eliseu. O jogo do manto. Vocação que é jogo de símbolos. O mesmo Chamamento em Jesus. Elias permite a licença para que Eliseu se despeça dos pais. Jesus nega a quem pediu a mesma coisa. Ver a questão do avesso. A questão não é despedir-se ou não. O que Jesus espera é uma profunda liberdade interior. Coisa presente nos três textos.
Paulo entendeu bem o «segredo/destino» que Jesus clamava. Livres eram os que viviam segundo Espírito (“verdadeira liberdade que Cristo nos libertou”…). Os discípulos, João e Tiago, querem o “fogo do céu!”, mas Jesus diz não à vingança sobre os samaritanos. Diante da falta de liberdade crescem (quase sempre) as ervas daninhas do Medo, do Autoritarismo e da Barbárie!?
Liberdade “primeira” que está na rua pública e dentro do quarto privado. Nas praças de todas as “Turquias” e de todos os “Brasis”. No lado avesso de todas as Greves (profissionais ou não instrumentalizadas!). Está em nós de forma cultivada e não animal. Os animais ficam aprisionadas ou não. Só o Ser Humano joga, “ao ataque ou defensivamente”, pela sua Liberdade, no acto de pensar e agir, na construção da Comunidade mais Humana (Justiça + Paz).
Aprofundemos (de cabeça e coração bem dentro…): “Nós não somos livres porque não amamos, não amamos porque não somos livres. Há um jogo difícil. O que vem primeiro: a liberdade ou o amor? Os dois são simultâneos. A liberdade prepara o amor, o amor prepara a liberdade. Nós temos que trabalhar, ao mesmo tempo, a dimensão da liberdade interior e a dimensão do amor. Os dois caminham juntos, de braços dados” (JB Libânio).










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