O
cristão é membro qualificado da sociedade. Como todas as pessoas tem
humanidade que fundamenta a cidadania e como muitas outras tem uma
religião que dá sentido ao estilo de vida com a marca e o jeito de Jesus
Cristo. Por isso, o seu espaço privilegiado de realização tem a ver com
o âmbito social e, nele, com todas as dimensões que este abrange e
promove.
Fora
da sociedade a cidadania dilui-se e a fé cristã empobrece de tal
maneira que se descaracteriza e desfigura. A par de outros agentes
educativos, a sociedade surge como a grande escola de educação. Daí, a
importância de saber apreciar e promover os valores fundamentais sejam
eles privados ou públicos, políticos e culturais, económicos ou
religiosos.
Todos
os valores tem como centro a pessoa humana e como objectivo mobilizador
a sua qualidade de vida chamada à plenitude em Jesus Cristo. O que é
indigno da pessoa desfigura o rosto de Deus e dá azo às mais diversas
alergias religiosas.
A
pessoa humana constitui o primeiro centro de responsabilidade social do
cristão. Nem de outro modo pode ser. Do Mestre vem o exemplo e o
mandato. Quem não lhe liga anda por longe da sua mensagem. A sua
compreensão integral mostra a pessoa como um ser dinâmico em
crescimento, dotado de uma dignidade inviolável e de uma
responsabilidade solidária inalienável.
Ser
em crescimento dinâmico, a pessoa está dotada de uma inteligência que
procura a verdade e, encontrando-a, a assume e segue sem rodeios. Possui
uma consciência que vai escalonando os valores que dignificam o seu
proceder e rejeita o que o avilta, dando testemunho de uma sabedoria de
vida apreciável. Goza de uma liberdade única, fruto da verdade e não de
impulsos descontrolados ou modas publicitárias, espelho da grandeza dos
valores que dão sentido às opções de cada dia.
Toda
a pessoa é uma unidade de diversidades múltiplas: fisiológicas,
psicológicas, relacionais e sociológicas, espirituais e de comunhão com o
divino. Ter em conta o conjunto é indispensável para gerar e viver a
harmonia do humano que há em nós. Atender apenas a uma parte é mutilá-lo
e, a par de experiências de satisfação e de êxito, armazenar razões
emocionais próximas da frustração e fazer surgir um figurino que
desvirtua o rosto original que pretende espelhar: ser imagem e
semelhança de Deus que, em Jesus Cristo, nos dá a medida e o estilo a
que estamos chamados, a harmonia da beleza e do bem que nos eleva e
realiza.
Georgino Rocha