segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O PÃO DE JESUS GARANTE A VIDA ETERNA

 

Georgina Rocha |  Justiça e Paz – Aveiro

Pe GeroginoO escândalo agrava-se. As afirmações de Jesus são demasiado claras e contundentes para os judeus. Jo 6, 51-58. Não conseguem suportá-las. E, sem um novo modo de ver – a fé que brota do amor de Deus Pai – quem pode conformar-se? Como é possível “dar-nos a sua carne a comer”?, interrogam-se com lógica natural e ética religiosa, condensando muitas outras perplexidades que os afligiam e espelham muitas outras que, ao longo dos tempos, virão a desafiar a razão humana, ainda que iluminada pela fé. Face à estranheza do “assunto” e ao agravamento das dúvidas, não tardam a evoluir na sua atitude: do entusiasmo precedente, pela multiplicação dos pães, e das expectativas decorrentes, das interrogações fundadas à crítica aberta, da recusa frontal ao abandono. Em breve, chegará a vez de Jesus questionar os próprios Apóstolos/discípulos fiéis: “Vós também vos quereis ir embora? Pedro, espontâneo e ousado, responde pelo grupo: “A quem iremos, Senhor. Tu tens palavras de vida eterna”.

     Jesus não dá explicações. Faz afirmações. O modo há-de surgir oportunamente. E o anúncio passa a realidade na ceia de despedida, no lava-pés, no mandamento novo do amor. Modo que surge narrado por Paulo na 1ª. carta aos coríntios 11, 23-26.

     As afirmações de Jesus têm, em João, uma ênfase especial: seis vezes menciona a palavra “carne” e três “sangue”. Trata-se de comer e de beber, em forma sacramental, o corpo e o sangue de Jesus, agora celebrada na eucaristia e, depois no seio de Deus, no banquete das “núpcias” do Cordeiro.

     “Contra ventos e marés – repete o Irmão Roger de Taizé -, a Igreja católica tornou possível que a Eucaristia permaneça como fonte de unanimidade na fé”.

     Contra ventos e marés, temos de continuar a dizer “tomai e comei”, saciai as vossas fomes, fruto de campos estéreis pelo desvio de águas, pela desolação da guerra, pela indústria química, pelo fogo criminoso, pelo abandono forçado. Comei alimentos produzidos pelo orçamento militar bélico transformado em investimento agrícola rentável, pela aplicação de capitais na limpeza das águas e na “desintoxicação” dos campos.

     Contra ventos e marés, precisamos de resgatar o sangue de tantas vítimas inocentes, apoiar a prática organizada da justiça e a penalização dos algozes, difundir a cultura da ética na economia e no uso dos bens, empenhando-nos em fazer crescer a consciência da dignidade humana que brilha, de modo singular, em Jesus Cristo, pão repartido por um mundo novo.

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