domingo, 23 de agosto de 2015

esta palavra é dura


Pedro José L. Correia  |  Justiça e Paz – Aveiro

 

«Dai-me a castidade e a continência; mas não ma deis já»,

Santo Agostinho, Confissões, Livraria A. I., Braga, 2008,

Liv. VIII, nº7, p.230.

Pedro José L. Correia - Aveiro

(...)

“- Nunca abandonaremos!?”: é dizer acima das nossas possibilidades. Somos como repensa Aviad Kleinberg, que passo a parafrasear, no exemplo sui generis: “Há uma espécie de lagartos que desenvolveram um mecanismo de sobrevivência único: podem separar-se das caudas quando estão em perigo. A cauda abandonada, em princípio, atrairá a atenção dos seus predadores, que cravam os dentes nos aperitivos, mas deixam escapar o prato principal”. Cada um de nós Crentes escondemos esqueletos vergonhosos nos nossos armários. Ocasionalmente, confessamo-nos (na forma “ritual”, cada vez menos; na forma “informal”, cada vez mais…), mas não divulgamos as nossas podridões. Para tudo um Tempo, Espaço e Modo. Precisamos de uma “rede de esgotos eclesial”. “O restaurante humano serve sobretudo caudas, mas o leitor que esteja disposto a examinar cuidadosamente a cauda retorcer-se, sem se precipitar de imediato para cravar os dentes nela, aprenderá muito sobre o corpo do qual ela se separou” (Cfr. Sete Pecados Capitais – Uma nova abordagem, Ed. Quetzal, Lisboa, pp.16-17).

(...)

Esta palavra é, sem margens de manobra, pura e dura. Pois duros somos nós na Cabeça, Coração e Estômago. Deus não o É. O Seu Espírito faz-nos oferta e dom. É importante esta consciência da abertura ao Espírito, esta necessidade permanente de espiritualidade: como modo de vida que não é dureza nem imposição, mas leveza e preferência. Ou uma mistura de ambas: exigência coerente!

FONTE: Cfr. AZEVEDO, Dom Walmor Oliveira, in Na Escola do Salvador, Editora PUC Minas, Belo Horizonte, 2009, pp.361-364. Obs. Além da citação presente no texto.

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