quarta-feira, 11 de setembro de 2013

«Um dia vamos ser mais família…Hoje é o dia!»:


 

O Tempo como dom na História: coisas da vida familiar.
“Fazer da nossa família o nosso lar”D. António Francisco.

A inquietude, o não-repouso e o ritmo stressante corrompem a nossa Criatividade. Mas ela apazigua-se ou agudiza-se no tempo-de-retorno às atividades mais variadas (escolares, laborais, pastorais, desportivas, etc.). Neste ambiente que todos respiramos somos convidados a viver “UM DIA em FAMÍLIA”, no ESPÍRITO da Missão Jubilar. Eis o tempo, o dom e a tarefa, simples mas muito importante, a experimentar (isto se o fizermos, sem adiamentos…). E se for preciso repeti-la, à proposta encarnada, à medida do nosso Desejo e por nosso Dever/Direito.
A distância que vai da “família real à família ideal”; é uma distância humana. A distância da nossa fragilidade e da nossa liberdade; no fundo da nossa dignidade cuidada ou ferida. “Os meus problemas, são os nossos problemas”. E os nossos problemas não podem ter a última palavra, que seja fechada e/ou surda. Não deveriam ter. Essa distância, que se está a reflectir, – sem desejo de a complicar, mas aprofundando – é, também, a distância de/até Deus… e, naturalmente, equivale à distância de si mesmo.
A Família deve ser reconduzida à (sua) Esperança de encontrar a (sua) Verdade. Tal como o ser humano. Negar “isto” é entrar num estrada de sentido único, enquanto enigma e abismo. Por isso na Família (e em nós pessoas): «Ou nada do que é humano nos é alheio» – somos o que qualquer um de nós é capaz de imaginar -; «ou nada do que é humano nos pode ser alheio» – somos apenas aquilo que faz sentido para nós. Uma descrição é inclusiva, a outra é exclusiva; ou somos definidos por tudo o que há em nós – da nossa família – que devemos ou não rejeitar, ou somos definidos pela inclusão de tudo o que descobrimos sobre nós mesmos e nossa condição familiar. Mas de uma maneira ou de outra a questão ganha forma: o que podemos ou devemos fazer em relação à família, se é que sabemos e devemos fazer alguma coisa!? “Família torna-te no que és!”.
«Deus, pátria e família». Presos no meio da ponte. Presos entre o psiquiatra Júlio Machado Vaz e/ou o padre Gonçalo Portocarrero de Almada, ambos muito perto da realidade; ambos demasiado perto da ficção. A família tradicional e/ou disfuncional é muito maior do que aquilo que “muitos” opinam. Por isso, é necessário reler António Baltasar Marcelino. Ouvir para além das paredes. Caminhar desde as catequeses de infância, adolescência e juventude; desde as catequeses de âmbito familiar; as reuniões de formação multifacetada; os espaços de reflexão e convívio; os rituais sacramentais ao longo das diversas etapas da vida; os critérios de bem-estar e bem-ser, etc.; aí a Família não “morre prematuramente”; a vida familiar renascerá em cada Lar.
A família na sua realidade e dentro das suas vivências, em mudança agitada, não pode descuidar o viver íntimo, mas não fechado em si, de modo disperso em tantas coisas que a negam; para que a “vida familiar” seja vivida, substancialmente, como diálogo com Deus, e assim seja uma vida que possa agregar os outros.
Diante das muitas propostas, sejamos corajosos fiquemos dispostos e comprometidos, gradualmente do mínimo até ao máximo do que somos capazes. Continuando a semear: Deus nos ajudará a sermos mais fecundos e felizes.
Finalizemos com Santo Agostinho, rezando nossos medos, graças e compromissos familiares, já vividos ou a viver: «Tarde Vos amei, / ó Beleza tão antiga e tão nova, / tarde Vos amei! / Eis que habitáveis dentro de mim e eu lá fora a procurar-Vos! / Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. / Estáveis comigo, e eu não estava convosco! / Retinha-me longe de Vós aquilo / que não existiria se não existisse em Vós. / Porém chamastes-me com uma voz tão forte / que rompestes a minha surdez! / Brilhastes, cintilastes e logo afugentastes a minha cegueira! / Exalastes perfume: / respirei-o, suspirando por Vós. / Saboreei-Vos e agora tenho fome e sede de Vós. / Tocastes-me e ardi no desejo da vossa paz»[1].
 

[1]FONTE: St AGOSTINHO, Confissões, Livraria A.I. – Braga, 2008, Livro X, Capítulo 27, p. 322


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